20 de abril de 2024 Atualizado 11:07

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Artigos de leitores

Só o impossível te interessa?

Por Juliano Schiavo

24 de novembro de 2020, às 08h15 • Última atualização em 24 de novembro de 2020, às 08h16

Ao passar por uma das praças da minha cidade vi a frase “Só o impossível me interessa”. Já havia reparado diversas vezes nela e até me habituado com a questão poética por traz, como se tivéssemos que seguir os sonhos impossíveis, desejos inalcançáveis, devaneios habituais de quem sonha demais. Sim, ela é poética, porém nenhum um pouco prática e saudável.

A frase, que até pouco tempo atrás me inspirara de uma forma a acreditar em ilusões, tornou-se, após essa reflexão, uma verdadeira brincadeira de mau gosto com a nossa saúde mental. Se é impossível, por que se interessar?

Tenho cá comigo que o que me interessa mesmo é o possível. Não vale a pena semear sementes em terras inférteis, áridas, das quais nenhuma vida germinará. É algo que vai contra o nosso bem-estar.

Por que mergulharmos de corpo e alma em situações, relacionamentos, vivências, projetos e tantas outras realizações que sabemos não ter possibilidades de se tornarem reais? Embora o impossível seja sedutor, qual o preço temos que pagar por algo que sabemos que não se realizará?

São questões que uma simples frase pichada no muro me suscitou. Embora poética, ela me fez entender que seguir em direção a ilusões nada acrescentam em nossas vidas. Senti uma vontade tremenda de rabiscar o “im” do impossível, para que a frase ficasse “só o possível me interessa”.

Não valia a pena. Além de me tornar um contraventor, eu tiraria a possibilidade de alguém bater os olhos ali e pensar nessas mesmas questões que me surgiram. Agora pergunto: e você, ainda tem insistido no impossível?

PS: A reflexão não diz respeito a parar de lutar por um mundo melhor, por parecer impossível. Na verdade, o mundo se torna melhor quando praticamos pequenas ações em prol dos outros. Só pelo fato de aprendermos a lidar com as diferenças e respeitar as pessoas já é um grande passo.

Juliano Schiavo é escritor, jornalista e professor

Colaboração

Artigos de opinião enviados pelos leitores do LIBERAL. Para colaborar, envie os textos para o e-mail opiniao@liberal.com.br.