Editorial
Silêncio e democracia
Por Redação
10 de novembro de 2020, às 08h27
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Enquanto o governo brasileiro ignora a vitória do democrata Joe Biden nos Estados Unidos, o vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira que “na hora certa” o presidente Jair Bolsonaro irá transmitir os cumprimentos ao candidato eleito.
O fato é que Bolsonaro vem, nos últimos meses, contrariando a tradição diplomática brasileira de não interferir em pleitos de outros países. Em mais de uma ocasião o presidente mostrou sua torcida pelo atual mandatário norte-americano. Com o revés, a ficha parece não ter caído.
Aliado de Donald Trump, numa relação mais pessoal que política, Bolsonaro aguardaria o que chama de “quadro concreto” antes de se pronunciar. O atual chefe de Estado norte-americano contesta o resultado na Justiça e alega, sem provas, que houve fraude na eleição.
O silêncio de Bolsonaro isola o Brasil e contrasta com os principais chefes de governo ao redor do mundo. É comum que as autoridades máximas se manifestem logo após um país chegar ao resultado de eleições presidenciais. Alemanha, Espanha, Inglaterra, França e Canadá, entre outras nações, já reconheceram o triunfo.Já aqui, a
o contrário do que costuma fazer, com sua metralhadora giratória das redes sociais que a tudo opina, Bolsonaro permanece calado. Talvez esperando que o próprio populista da extrema direita reconheça a derrota.
A relação entre Brasil e EUA, na gestão Bolsonaro, carrega na retórica o fortalecimento das soberanias, entretanto, na prática, parece se caracterizar mais por uma vassalagem, com poucos benefícios recebidos e muitas vantagens oferecidas. Até “eu te amo” teve, sem resposta.
Resta ao presidente brasileiro reconhecer que o governo dos Estados Unidos mudou democraticamente. E organizar forças para essa alternância, pensando mais no coletivo, e menos no pessoal.
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