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Pelas Páginas da Literatura

Resenha: ‘A Pista de Gelo’, de Roberto Bolaño

Pelas Páginas da Literatura faz resenha sobre o primeiro livro de chileno

Por Marina Zanaki

08 de agosto de 2022, às 10h39 • Última atualização em 08 de agosto de 2022, às 10h40

“A Pista de Gelo” foi o primeiro livro publicado pelo chileno Roberto Bolaño, que se consagraria pelas obras “Os Detetives Selvagens” e “2666”. Foi esse pequeno romance que escolhi para conhecer o escritor, que faleceu em 2003 e é considerado um dos grandes nomes da literatura latino-americana.

A história se passa em uma cidade espanhola e é contada por três narradores: o empresário Remo Morán, o burocrata Enric Rosquelles e o vigia noturno Gaspar Heredia. Nessa polifonia (que se tornaria uma das marcas de Bolaño), o leitor descobre que um assassinato foi cometido.

Segurando o suspense e brincando com o gênero policial, o autor revela o nome da vítima apenas nas páginas finais. Cada capítulo tem um tom de depoimento policial, como um convite ao leitor para juntar as peças do quebra-cabeça.

Além dos três narradores, outros personagens compõem a história, como a patinadora Nuria. Enric se apaixona por ela e constroi uma pista de gelo com dinheiro público para que Nuria possa treinar. Outro núcleo é o camping de Remo, lugar onde Gaspar é contratado como vigia noturno e que serve de moradia para personagens secundários que também serão importantes na história, como Caridad e Carmen.

O livro subverte algumas características do gênero policial. A descoberta do assassino, que costuma ser o ponto alto, é entregue aqui de forma rápida e sem muitas explicações. É possível inclusive desconfiar da versão apresentada por um dos narradores.

“O livro fala da beleza que dura pouco e cujo final soa desastroso”, teria dito Bolaño sobre “A Pista de Gelo”. Não pude confirmar se é uma declaração verdadeira, mas pensando sobre o final obscuro do livro, ela realmente se aplica à vítima dessa história.

Tinha curiosidade de ler Roberto Bolaño há dez anos, mas sempre tive receio que fosse difícil de entendê-lo. “A Pista de Gelo” de fato não foi uma leitura simples e me deixou pensativa sobre os significados e camadas de seu final. Sem dúvida, um livro interessante para conhecer o autor e para aguçar a curiosidade para suas grandes obras.

Marina Zanaki

Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.