Pelas Páginas da Literatura
Resenha: “A passa-espelhos”, por Christelle Dabos
Blog Pelas Páginas da Literatura faz resenha de série de fantasia escrita por autora francesa
Por Marina Zanaki
02 de abril de 2022, às 09h14
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/resenha-a-passa-espelhos-por-christelle-dabos/
Os leitores marcados pelas séries “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis” estão sempre à procura de uma nova fantasia que seja tão envolvente quanto elas. Pelo menos essa é a minha impressão, já que eu mesma estou sempre atenta aos lançamentos nesse segmento.
Ao longo da vida, já li boas histórias de fantasia, como “A Torre Negra”, de Stephen King; “Jogos Vorazes”, de Suzanne Collins; e “Fronteiras do Universo”, de Philip Pullmann. Recentemente, tive o prazer de encontrar mais uma – “A passa-espelhos”, da francesa Christelle Dabos, que em muitos aspectos se aproxima (e até se inspira) da trilogia de Pullmann.
Com um universo muito original, a série acompanha a jovem Ophélie, que vive em mundo dividido em “arcas” (espécie de países), com características próprias e governadas por um espírito familiar. A protagonista pertence a Anima, arca que tem como patrono Ártemis e se caracteriza pelo poder de interagir com objetos.
Ophélie tem duas habilidades: se transportar através de espelhos e ler o passado de um objeto ao tocar nele. Ela emprega seus dons de “leitora” em um museu que preserva a história de Anima, mas sua vida pacata é abalada quando é prometida em casamento a um homem que nunca viu, chamado Thorn. Por conta do noivado, Ophélie é levada a outra arca, o Polo, onde mergulha em uma trama cheia de intrigas.
Essa é a sinopse do primeiro volume, “Os noivos do inverno”, que introduz esse mundo tão criativo imaginado por Christelle Dabos. Ao longo da série, cada livro passeia por um gênero diferente. Enquanto o primeiro é uma trama política, o segundo, “Desaparecidos em Luz da Lua”, tem uma pegada mais investigativa.
O terceiro, “A Memória de Babel”, flerta com a espionagem, enquanto o último, “A Tempestade de Ecos”, mergulha na ficção especulativa e aposta em uma fantasia incrível para dar respostas às muitas perguntas levantadas ao longo da série.
Outro aspecto cativante da série são as personagens. A protagonista Ophélie é comum e “sem graça”, mas sob a superfície esconde um forte senso de determinação e coragem, despertando empatia e admiração no leitor. Além dela, a trama é repleta de personas interessantes e intrigantes a seu próprio modo.
Recomendo fortemente “A passa-espelhos”, mas deixo a ressalva que a conclusão da série é controversa. O último livro dá conta de explicar tudo que a trajetória propôs e a sensação é que a autora tinha imaginado a trama toda desde o início. Mas as últimas linhas são polêmicas.
A autora decide quebrar a expectativa do leitor, o que não é necessariamente ruim e mostra muita coragem da parte dela. O problema é que a obra é encerrada de forma inconclusiva, alimentando um sentimento de que as coisas poderiam ter sido diferentes e tornando difícil aceitar o final.
Mesmo com esse desfecho questionável, ainda defendo a série “A passa-espelhos” pelo belo conjunto da obra. Trata-se de uma fantasia literária para mergulhar, se encantar e se divertir.
Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.