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Editorial

Receita para a tragédia

Por Redação

16 de janeiro de 2021, às 10h55

O caos instalado no Amazonas certamente se tornará um dos episódios mais trágicos desta pandemia. As imagens que passaram a circular nesta semana de apelos feitos por profissionais de saúde e de moradores correndo com cilindros de oxigênio adquiridos por conta própria para dentro de hospitais são arrebatadoras, assim como a necessidade de familiares de pacientes ajudarem com a ventilação mecânica para manter seus entes queridos vivos.

Nesta quinta e sexta-feira, o noticiário local no Estado amazonense dava conta do tamanho do colapso do sistema de saúde. Os números apontavam que a média móvel de mortes havia crescido 183% nos últimos sete dias. Com internações batendo recordes e unidades cheias, a demanda pelo oxigênio disparou e o que poderia ser pior ocorreu: faltou ar e os cemitérios ficaram lotados.

O colapso coincide com um episódio peculiar na capital manauara. No final de dezembro, o governo do Amazonas decidiu impor o fechamento de atividades não essenciais. Houve protestos da população, que tomou as ruas de Manaus, o que fez com o Estado recuasse da medida.

As restrições chegaram a ser criticadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que, depois, comemoraram o recuo e a reabertura. Em entrevista nesta sexta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão resumiu o fracasso no Amazonas. “A questão é que aqui nós não fechamos nunca, né? Essa é a realidade. Essa imposição de disciplina em cima do brasileiro não funciona muito”.

A crise no Amazonas ainda tem outra coincidência: a circulação de uma nova cepa do coronavírus, identificada no Japão e causadora de infecções em Manaus. É mais um elemento para uma combinação que envolve a incapacidade de gestão da pandemia do poder público, em todas as esferas, e o comportamento irracional da população. Ou seja, uma receita para a tragédia.

O Liberal

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