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Cotidiano & Existência

Os sobreviventes da Pandemia

Por Gisela Breno

25 de maio de 2021, às 15h05

Todos nós, sobreviventes dessa tragédia que tem ceifado a vida de milhões de pessoas deste Planeta, não podemos ser apenas testemunhas da ação implacável desse vírus.

Esse inimigo simples, invisível, colocou de joelhos parte da humanidade, considerada por muitos a espécie mais evoluída do Planeta.

As tradicionais defesas dos poderosos falharam. Os líderes das grandes nações detentores de poder econômico e tecnológico, de mísseis de última geração, repentinamente ficaram nús diante da eficácia e potência desse ser que nem unicelular pode ser considerado, pois é constituído basicamente de uma capsula de proteína com RNA ou DNA.

Nem o dinheiro, tampouco os privilégios de 1% vergonhosamente mais rico da humanidade que supera a riqueza de 99% de seus semelhantes, foram capazes de livrá-los da morte.

A COVID 19 mais do que sepultar vidas escancarou não apenas as profundas desigualdades reinantes nas sociedades, mas deixou um grito de clamor, de urgência para reduzir o fosso existente entre a minoria rica e a maioria pobre, extremamente pobre do nosso país.

As dívidas feitas pelo nossa falta de empatia, de compaixão, de solidariedade estão com o prazo de vencimento prescritas.

É preciso extirpar o olhar direcionado para o próprio umbigo e substituí-lo pela visão compassiva de vida e de existência.

Há corpos e bocas famintas espalhadas por todos os cantos desse continente chamado Brasil que sucumbirão se ficarem à espera de ações efetivas desse desgoverno ou de eleições futuras.

Ninguém conseguirá salvar o mundo das tantas injustiças e desigualdades, mas cada um de nós pode salvar o mundo de alguém.

É fundamental olharmos para o Céu, fonte de águas borbulhantes do Amor pleno, do amor que cura as feridas adquiridas na jornada.

Mas a fé sem obras não é transformadora, não abraça os irmãos e irmãs que vivem à margem da sociedade.

Nós , os sobreviventes desses tempos tão sombrios, desafiadores, devastadores temos o dever de oferecer aos desamparados, empobrecidos, desempregados, famintos do corpo e da alma oque eles necessitam .

Eles também sobreviveram à pandemia, mas desafortunadamente e por conta de não serem a prioridade dos governos, não conseguirão viver com dignidade.

Esse compromisso é mais que gratidão, é de fato sermos brisas em meio às tempestades de desamor que têm despedaçado o viver da maioria da população brasileira.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.