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Economia no dia a dia

Os motivos da alta dos alimentos

Leia o artigo desta semana do professor Marcos Dias

Por Marcos Dias

14 de setembro de 2020, às 08h00 • Última atualização em 12 de setembro de 2020, às 16h25

Nos últimos dias o noticiário econômico tem dedicado boa parte de seu espaço em discutir a alta recente do preço dos alimentos. Isso é justificável pela importância desse tema: as pessoas gastam boa parte de seu dinheiro comprando alimentos, e quanto mais pobre elas forem, maior será o percentual de gasto da renda total.

Além disso, os alimentos compõem uma parcela importante no cálculo da inflação do país, e por isso o aumento dos preços desses alimentos pode gerar um grande impacto no cálculo da inflação, e por consequência na economia como um todo.

Entre os meses de agosto e setembro o arroz teve um aumento médio de 19,2%, o feijão 28,9%, o óleo de soja 18,6%, o tomate 12,8%, a cebola 50%, a abobrinha 46,8%, o frango 6,9%, ovos 7,1% e a bata 9,7%! Portanto são produtos que compõem a cesta básica das pessoas m ais pobres, e por isso esses aumentos são tão perversos!

Mas qual é a explicação desses aumentos? Na verdade isso é explicado pelos economistas como resultado de um conjunto de fatores que levaram a esse quadro:

a) o aumento das exportações dos produtos brasileiros para grandes compradores no exterior, por causa do aumento do consumo mundial dos alimentos;

b) o dólar alto, que incentiva os produtores brasileiros a vender sua produção de alimentos para o exterior, pois vão receber em dólar e, portanto, ter uma receita maior do que se vendessem para o mercado interno;

c) a estocagem de parte da produção, pelos produtores de alimentos, fazendo com que comece a faltar produtos no mercado, forçando assim a alta o preço final;

d) a redução dos estoques reguladores do governo federal, que a partir de 2019 adotou uma política de esvaziamento do papel da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que tem por objetivo comprar a produção excedente dos produtores de alimentos e estocar para colocá-la no mercado quando essa produção começar a faltar (isso são os estoques reguladores do governo);

e) e por fim o aumento do consumo, provocado pela concessão do programa de auxílio emergencial do próprio governo federal! Ou seja, esse aumento dos preços é provocado pelo maior consumo desses alimentos pela população mais pobre, que recebe tal auxílio! Essa é uma justificativa apontada por economistas e políticos do governo federal.

Enfim, os motivos apontados acima como causas desse aumento dos preços dos alimentos poderiam ter os efeitos reduzidos com a intervenção coordenada do governo federal, pela adoção de medidas que aumentem a oferta (disponibilidade) interna dos alimentos. Só assim o país poderá permitir que as pessoas mais pobres continuem a consumir mais alimentos, e não sejam culpadas por isso!

Marcos Dias

Conteúdo desenvolvido pelo economista e professor de economia da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, Marcos Dias.