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Memória Eleitoral

O voto da esposa

Por Reginaldo Gonçalves

18 de outubro de 2020, às 09h02 • Última atualização em 18 de outubro de 2020, às 10h14

Nas eleições de 1992, pela primeira vez na história política de Americana, quatro candidatos a vereador empataram nas urnas. Como determina a lei, os dois mais velhos de idade ganharam as cadeiras no Legislativo, mas não sem alguma curiosidade.

Parte da história envolveu Antonio Dias Ferraz e Félix Martins, do PSDB. Ambos tiveram 672 votos. Mas, o detalhe é que o voto da esposa de Ferraz, Lumena Lenhare Ferraz, não foi encontrado na seção quatro da escola do Sesi, no Frezzarim, onde ela votou.

Naquele ano, o voto era manuscrito e, neste caso, o candidato poderia registrar diversos nomes, como também o seu número. Não havia urna eletrônica e a apuração levava alguns dias. O primeiro turno das eleições foi realizado no sábado, dia 3 de outubro, e no domingo foi conhecido o prefeito: Frederico Polo Muller.

O coordenador das eleições em Americana, na época, Ernesto Pavan, e o juiz eleitoral Pedro Ivo de Arruda Campos, deram prioridade para o cargo de chefe do Executivo na contagem dos votos.

A apuração foi realizada na sede social do Rio Branco Esporte Clube, na Rua Fernando Camargo. Os voluntários das Juntas Apuradoras passavam dias contando os votos para vereadores.

Ferraz acompanhava a apuração e disse que não foi encontrado o voto de sua esposa. Como empatou com Felix Martins e era o mais novo, ele ficou como suplente. Martins tinha 38 anos e Ferraz, 36.

Quando a votação foi finalizada, o candidato derrotado e sua esposa vieram ao LIBERAL para fazer a reclamação. Eles já tinham conversado com o juiz. Pedro Ivo indeferiu a recontagem porque se fizesse isso abriria brecha para todos. “Eu escrevi Antonio Ferraz e coloquei o número dele na cédula, mas o voto não apareceu”, reclamou Lumena, na época.

Os outros dois que empataram foram Sebastião Morelli, conhecido como Martelo, e Paulo José Cuaino. Eles eram do PL e cada um recebeu 576 votos. Martelo era o mais velho e foi eleito, enquanto Cuaino teve de se contentar com a primeira suplência. Depois desta eleição nunca mais houve empate entre eleitos. Os votos passaram a ser eletrônicos e os resultados saíam em poucas horas.

Reginaldo Gonçalves

O jornalista Reginaldo Gonçalves traz fatos que recontam a história das eleições em Americana e região.