Editorial
O vírus que ameaça de outra forma
Imunizar a população brasileira e criar condições para a retomada da atividade econômica é uma fração de uma seleção de urgências no País
Por Redação
22 de agosto de 2021, às 08h17 • Última atualização em 22 de agosto de 2021, às 08h19
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/o-virus-que-ameaca-de-outra-forma/
A pandemia da Covid-19 não tem nem terá hora marcada para terminar, ainda que medidas que desenhem um caminho de retomada às condições sociais pré-março de 2020 estejam sendo anunciadas dia a dia no Estado de São Paulo e no País. Mas outro “vírus”, que impacta a rotina de quem já está exposto às restrições sanitárias estabelecidas em função da ameaça da doença, também ganhou terreno com a mesma velocidade e ainda não encontrou uma vacina de eficácia comprovada: o dos preços de itens básicos no consumo das famílias.
Reportagem na edição do LIBERAL deste domingo mostra como mesmo os produtos cujos preços têm driblado o movimento de guinada têm tido a representatividade dessa eventual economia drenada pelos demais itens colocados no carrinho de compras. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a cesta básica encerrou o mês de julho deste ano, em São Paulo, ao custo de R$ 640,51, o que representa aumento de 22,06% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Isso é mais do que a parcela do auxílio-emergencial paga na primeira rodada do programa desenvolvido pelo governo federal, em 2020, no valor de R$ 600. Assim como é mais da metade dos R$ 1.100 representados pelo salário mínimo. Essa moldura está pronta para receber um quadro no qual se pinta o crescimento da insegurança alimentar em território nacional. Mobilizações voluntárias de solidariedade têm sido importantes para oferecer alguma alimentação a populações em situação de rua e em extrema pobreza.
Por isso, o fim da pandemia não é o fim do desafio que se impõe para o País. Imunizar a população e criar condições para a retomada da atividade econômica é uma fração de uma seleção de urgências. Desenvolver condições dignas para a administração familiar, de maneira que seus próprios membros tenham condições de garantir o sustento de seus iguais, deveria estar no topo da lista. Trata-se de um conceito básico, mas que se esfarelou no Brasil de 2021.
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