O fogo que vem consumindo nosso exuberante Pantanal faz meu coração arder de tristeza e deixa na alma a sensação de dor e impotência. Como ficar indiferente a essa tragédia que devasta o inigualável bioma? Já não bastasse a Floresta Amazônica, que agoniza com queimadas, extrativismo ilegal e desmatamento.

O Ministério do Meio Ambiente, cuja ação deveria ser o absoluto controle das reservas naturais, com fiscalização implacável para coibir a degradação dos ecossistemas, põe seus “panos quentes” sobre o tema, já que promover uma política ambiental consistente e implantar projetos que visem preservar a fauna e a flora parece não fazer parte da agenda do atual ministro.

Pode isso parecer óbvio, porém no Brasil a questão ambiental vem sendo ferida de morte. O que deveria ser uma defesa nacional tornou-se o salvo-conduto para madeireiros, pecuaristas e grileiros. É fato que o problema existe há décadas, mas também é notória a elevada soma de perdas ambientais no contexto político atual. Os agrotóxicos mandam lembranças!

Segundo o Ibama, a área queimada no Pantanal deve atingir 1,45 milhão de hectares. É nesse cenário que milhares de espécimes jazem, carbonizadas, muitas sendo extintas permanentemente. Apesar da estiagem e altas temperaturas, comuns nessa época, há evidências de que os incêndios lá tenham origem na ação criminosa de alguns pecuaristas, afoitos em ampliar as áreas de pastagem, não muito diferentemente de outras regiões do País.

Com isso, vamos dando adeus ao canarinho e ao tuiuiú; à pobre onça indefesa, ao aflito jacaré e ao acuado tatu… Quiçá caiam logo boas chuvas para dessedentar animais e homens, apagar as chamas, regenerar a terra, fazer brotar a esperança e abençoar o agora calcinado cemitério. A natureza até aqui resistiu, mas, ao que parece, está dando sinais de que chegou ao seu limite.

Amauri de Souza
Jornalista, membro efetivo da SBPA e do Grupo Espaço Literário “Nelly Rocha Galassi”