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Histórias de Americana

O nazismo teve algum capítulo na história de Americana?

Por Mariana Spaulucci Feltrin

10 de julho de 2022, às 10h26

Em 1937, dois anos antes da deflagração da 2ª Guerra Mundial, já existiam partidos nazistas funcionando em todo território brasileiro, como o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, em Blumenau, e o Partido Nazista do Brasil, em São Paulo. Ambos os partidos promoviam propagandas, festas e outras atividades políticas com base na ideologia nazista.

Na cidade de Americana e região, até o momento, não há evidência de que grupos ou partidos nazistas estivessem articulados politicamente, entretanto, uma emblemática fotografia tirada na Alemanha, em 1940, desperta muita curiosidade. Nessa imagem estão Helena, Johannes, Irene e Helmut, todos sentados ao lado de uma pequena, porém muito simbólica, bandeira nazista.

De acordo com informações do CEDOC, da Fundação Romi, Helena nasceu em 1882 nos empreendimentos de sua família, em Santa Bárbara D’Oeste. Na Alemanha, se casou com Robert e teve dois filhos, de 1916 a 1919.

Estas informações genealógicas trazem esclarecimentos sobre quem são as pessoas fotografadas. Pela lógica, Helena está reunida com parentes de seu marido. Além disso, podemos notar um constante contato entre o Brasil e a Alemanha por meio de viagens fotografadas.

Certamente, ninguém poderá dizer que todos os alemães e descentes residentes no Brasil eram praticamente ou sequer simpatizantes do regime nazista. Contudo, a presença de partidos, grupos ou indivíduos alinhados aos ideais de Adolf Hitler são evidentes e até inegáveis. No caso de Helena, naquele período específico, a presença do símbolo não indica que a mesma era alinhada à ideologia, afinal, tratando-se de um regime totalitário, o uso do estandarte era muito comum, se não, obrigatório.

Também vale ressaltar que a partir de 1942, com o rompimento das relações diplomáticas do Brasil com o Eixo na 2ª Guerra, alemães e descendentes sentiram mais os reflexos do conflito em suas atividades sociais e econômicas, sofrendo com perseguições diretas ou indiretas, como acreditava-se ter ocorrido com a família Müller Carioba na ocasião da venda da Fábrica de Tecidos, em Americana. Contudo, não é de conhecimento público evidências que liguem a família ao nazismo.

Apesar da referência ao partido nazista na fotografia de Helena, pouco é mencionado e investigado a respeito do contato de americanenses e barbarenses com o nazismo no passado. Sem mais documentos, não podemos afirmar e nem sequer supor qual era de fato a relação com a ideologia, contudo, a fotografia é uma fértil fonte a ser explorada, uma vez que a nossa região tende a negar conexões racistas, como tem sido também no caso da imigração confederada. 

Mariana Spaulucci Feltrin
Membro do grupo Historiadores Independentes de Carioba, dedicado à pesquisa história sobre Americana

Historiadores de Carioba

Blog abastecido pelo grupo Historiadores Independentes de Carioba, que se dedica à pesquisa histórica sobre Americana.