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O Fogo, a história e a Carioba!

Por Maria Amelia Moscom

10 de setembro de 2020, às 08h23 • Última atualização em 10 de setembro de 2020, às 09h21

Não é preciso muita pesquisa para saber que o fogo foi a primeira energia controlada pelos humanos. E a partir desse fato, ocorrido há mais de 500.000 anos o fogo vem fascinando e despertando, nestes mesmos humanos, instintos e sentimentos dos mais variados.

O domínio do fogo, sem dúvida, tem relevância quando pensamos na sobrevivência do homem histórico. O fogo aquece, protege, ilumina, prepara alimentos e, entre outras coisas: forja ferramentas – ferramentas tão necessárias para a “melhoria” da vida humana. Mas assim como a história não se faz sozinha, pois sem o filtro da visão e da compreensão humana, ela seria apenas um amontoado de fatos, também o fogo não se faz sozinho… é preciso envidar utilidade a ele, é preciso controlar sua chama… é preciso compreender sua essência.

Para que continuemos a evoluir historicamente, esses dois elementos: a história e o fogo; não podem ficar ao léu… não podem ser ignorados ou deixados a margem. De forma elementar, podemos dizer que a história pode ser observada através das marcas da experiência humana ao longo do tempo e ao observar essas marcas reconhecemos o mérito do fogo.

Foi essa simbologia que atravessou meu pensamento quando fui brutalmente acometida pela notícia e pela imagem do incêndio ocorrido nos galpões fabris da antiga vila de Carioba. Um acontecimento temido por muitos, que, enfim, materializou-se. E como não poderia ser diferente – o fogo – trouxe seu rigor histórico. Cabe aos humanos o esforço para continuar a compreender sua essência e controlar suas chamas.

Esse incêndio em si é apenas um fato, mas a forma com que nos apropriarmos dele fará diferença histórica para os americanenses – natos ou não. Se ampliarmos o olhar por sobre a humanidade, podemos ousar pensar que essa forma de apropriação pode fazer a diferença na relação entre todos os humanos: os daqui e os de fora daqui também.

O fogo traz em si muitas simbologias. Fiquemos com duas: a sagrada chama do “Espírito Santo” – que efemeramente acomete o coração do homem tornando-o ainda mais humano; e o “fogo do Inferno” – que arde incessantemente perpetuando a ânsia por fazer desaparecer tudo o que toca. E qual seria o fogo que acometeu os galpões da CARIOBA? Seria o fogo “abençoado” que melhora quem é tocado por ele; o fogo do renascimento / recomeço, simbolicamente representado pela Fênix? Seria o fogo das “infernais” questões instransponíveis que continuarão a arder em suas chamas eternas que “nunca” se extinguirão, a despeito de já estarem apagadas?

Esse acontecimento pode ser apenas mais um a se amontoar no tempo histórico desta cidade e das pessoas que aqui vivem ou pode ser um marco de transformação, a despeito de sua trágica ocorrência. Essa reflexão é para você e para mim também. Qual fogo acometeu os galpões? Eu já tenho a minha resposta…

Maria Amelia Moscom é turismologa, especialista em planejamento e gestão

Colaboração

Artigos de opinião enviados pelos leitores do LIBERAL. Para colaborar, envie os textos para o e-mail opiniao@liberal.com.br.