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Histórias do Coração

O começo e o fim

Na última história do coração, Carla Moro nos lembra que o amor não é inalcançável: ele é absolutamente e irremediavelmente humano

Por Carla Moro

13 de fevereiro de 2022, às 08h53 • Última atualização em 13 de fevereiro de 2022, às 08h55

Eu estou há alguns dias pensando em como escrever esta coluna. Cada parágrafo escrito, e apagado, dizia qualquer outra coisa, menos aquilo que precisava ser dito. Se ainda escrevêssemos em máquinas de datilografar, certamente eu estaria rodeada de folhas e mais folhas amassadas e descartadas. O computador poupa as árvores, mas não diminui a minha frustração. Passei a semana com uma folha em branco me encarando.

Os otimistas enxergariam essa folha em branco como um mundo de infinitas possibilidades. Deve ser boa a vida de um otimista. Mas, conforme os dias iam passando e mais parágrafos apagados, mais pessimista eu ficava. Também já falei aqui sobre começar a escrever usando a frase mais verdadeira que se conhece. É um recurso valioso, mas igualmente difícil quando a frase mais verdadeira que se conhece é justamente aquela que se está tentando evitar: esta é a última história do coração que escrevo por aqui.

Em 2020, enquanto mexia em fotografias antigas na casa dos meus pais, me deparei com algumas fotos de casamento. Todas elas eram de um mesmo lugar: Fotos Strikis. Antigamente, era muito comum que os noivos tirassem apenas uma foto posada em um cenário. Uma foto do casal, depois uma foto com a família. Nada de álbum com duzentas fotografias, como vemos hoje.

Na casa dos meus pais, encontrei pelo menos meia dúzia dessas pastas com o logotipo das Fotos Strikis. Nenhuma pessoa presente naquelas fotografias em preto e branco está viva hoje em dia. Encarar o passado daqueles casais e não saber como o amor entre eles nasceu, como decidiram se casar, como se conheceram, foi o que me motivou a começar a escrever histórias de amor.

Era preciso existir um registro, além das histórias contadas oralmente pelas famílias, para que nenhuma história de amor se perdesse com o tempo. Então, decidi eu mesma registrá-las. E O Liberal, gentilmente, me cedeu esse espaço.

Entre o final de 2020 e o começo de 2022, pudemos conhecer as histórias de amor de dezenas de casais. Estas são histórias que nunca se perderão com o tempo, estarão para sempre registradas nas páginas deste jornal. A cada domingo, eu tentei trazer histórias que reafirmassem para vocês leitores (e para mim também) a crença nesse sentimento. O amor, mesmo quando acaba, deve ser vivido. É imperativo viver com amor. Por meio da palavra, espero ter deixado esse desejo transparecer.

Eu sei que muitos de nós crescemos pensando no amor como algo inalcançável. Um sentimento sublime e quase irreal, que só poderia ser vivido pelos seres mais sortudos deste mundo. E, ainda que muitas histórias do coração tenham precisado de um pouco de sorte para acontecer, todas elas, sem exceção, foram vividas por pessoas como eu e você. O amor não é inalcançável, ele é absolutamente e irremediavelmente humano. Essa sim é a nossa sorte.

Obrigada a cada um de vocês que me acompanhou em todos esses domingos. Obrigada ao jornal, pelo espaço e confiança. Eu sigo aqui, também à procura do amor. Espero encontrá-lo e, também, vivê-lo. Quem sabe um dia, eu não volto aqui e conto a minha própria história do coração. Até breve!

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com