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Economia no dia a dia

O aumento da pobreza em Americana

Dados do Cadastro Único para o município de Americana mostram que o número de pessoas pobres na cidade tem aumentado consideravelmente

Por Marcos Dias

24 de agosto de 2020, às 08h00 • Última atualização em 23 de agosto de 2020, às 20h53

A situação de pobreza das famílias existe quando faltam a elas as condições para o atendimento das necessidades básicas para a sobrevivência de seus membros.

Para classificar uma família em situação de pobreza, a renda mensal é o indicador mais utilizado, o que se justifica na medida em que, nas sociedades modernas, suas necessidades básicas não são atendidas a partir de um nível de renda mensal.

No nosso país essas famílias em situação de pobreza e que, portanto, buscam auxílio de programas sociais do governo, se manifestam por da inscrição no Cadastro Único.  

Por isso, esse mecanismo de acompanhamento social do governo federal constitui um conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza. Assim, ao se cadastrarem, essas famílias estão se declarando em tal situação, tornando-se credenciadas para acessar benefícios da assistência pública. Isso significa que a alteração no número de famílias nesse Cadastro representa uma alteração no número de famílias ou pessoas em situação de pobreza no país, estado ou município.

Em Americana o número dos que tem se cadastrado em busca de auxílio por meio dos programas sociais do governo tem sofrido alterações nos últimos anos, o que mostra uma mudança nas condições de vida das famílias da cidade.

Os dados disponíveis na página eletrônica do Cadastro Único mostra que em 2015 a cidade possuía 7.809 famílias cadastradas. Em 2017 esse número subiu para 9.563, e no final de 2019 chegou a 11.112 famílias cadastradas! Isso representa um aumento de 42,3% no número de famílias cadastradas entre 2015 e 2019.

Desse total, cerca de 66% dessas famílias sobreviviam com menos de meio salário mínimo por mês, ou seja, estavam em situação de extrema vulnerabilidade econômica, sem condições de atendimento à suas necessidades mínimas de sobrevivência.

Já o número de pessoas que fazem parte desse Cadastro também tem aumentado consideravelmente nos últimos anos no nosso município: em 2015 estavam cadastradas 22.764 pessoas, pulando para 25.380 em 2017 e chegando a 27.679 no final de 2019. Tal número representa um aumento de 21,6% em relação a 2015!

Mas além desse aumento do número de pessoas que estão cadastradas no município, o que chama a atenção é a faixa etária destas: eram 4.886 pessoas (17,65%) com idade entre 07 e 15 anos, ou seja, crianças e adolescentes! 3.339 (12,06%) possuíam entre 25 e 34 anos e 3.239 (11,70%) com idade acima de 65 anos. Esse é o lado mais desastroso desses números, porque mostram que a pobreza tem atingido os mais vulneráveis em nosso município. Isso indica também a necessidade de atuação do poder público local em programas sociais com foco nesse público atingido (principalmente as crianças e adolescentes), com o objetivo de minimizar as consequências futuras dessa pobreza, como o aumento da violência.

Assim, esses dados do Cadastro Único para o município de Americana mostram que o número de pessoas pobres na cidade tem aumentado consideravelmente. Isso em parte por conta da crise econômica pela qual o país tem sofrido, e que tem levado a pobreza muitas famílias pelo país. Por ouro lado mostra também a carência de oportunidades de trabalho e rendimento para essas famílias no município, por conta da ausência de políticas efetivas de geração de renda, de qualificação profissional e de programas municipais nesse sentido.

Marcos Dias

Conteúdo desenvolvido pelo economista e professor de economia da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, Marcos Dias.