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Nem tudo está perdido

Por Katya Forti

27 de outubro de 2020, às 08h40

Na cidade das frutas, a vida seguia. As laranjas levantavam bem cedo e acompanhavam de perto, a “lida” dos agricultores. Como em toda sociedade organizada, havia o controle de qualidade.

A maçã Gala, a maçã Argentina e a maçã Fugi, viviam se “alfinetando”, para ver quem ganharia a preferência dos consumidores, mas no fundo, elas eram muito amigas.

“- Sempre foram”, admitiu uma das peras, que preferiu não ser identificada. Tudo parecia bem. Até que encontraram o abacaxi. Os caquis e as bananas, colocaram o abacaxi na maca, ou melhor, na bandeja, e cuidaram dele. Levaram-no ao Dr. Abacate, terapeuta renomado, que recuperava os frutos em estado depressivo.

“- Mas o que é isso meu rapaz?”. Para conseguir uma reação mais imediata, disse: “- Ou você para de chorar e conversa comigo numa boa, ou então serei obrigado a descascar você todinho”.

Mais do que depressa o abacaxi, que não era bobo nem nada, com medo de entrar na faca, tratou de engolir o choro e foi assim lhe dizendo: “- Estou muito deprimido, pois ninguém me quer. Sou rejeitado pelas pessoas. Em qualquer festa onde exista uma cesta de frutas, as demais acabam sendo degustadas, restando o abacaxi solitário”.

“- Já não sou mais apreciado nem mesmo mergulhado no vinho tinto, como já estive em passado bem distante”.

“- Cá estou, relatando o ocorrido a um abacate de jaleco branco, que me observa com uma prancheta na mão”.

Terminada a exposição do dilema, Dr. Abacate ausenta-se da sala, para retornar instantes depois com a medicação. “- Sr. Abacaxi, percebo que falta algo doce em sua vida. Aqui está a solução”:

Entregou a ele um embrulho: era uma lata de leite condensado. Não: nem tudo está perdido. E sim: há sempre um lado bom. Em tudo.

Katya Forti é pedagoga e autora

Colaboração

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