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Mudança do ônus pelo bônus
Por Rafael Cervone
26 de setembro de 2024, às 14h24 • Última atualização em 26 de setembro de 2024, às 14h25
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/mudanca-do-onus-pelo-bonus/
O estudo “Custo Brasil na Indústria de Transformação 2008-2022”, realizado pelo Decomtec (Departamento de Competitividade e Tecnologia) da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mostra que, no período, a média referente a esse indicador foi de 24,1%, quantificando o seu peso nocivo nos preços dos nossos produtos em relação aos dos fabricados nos 15 países que são os nossos maiores parceiros comerciais. São seis os fatores que oneram o setor: tributação; juros; preço da energia e matérias-primas; deficiência de logística; benefícios, e aluguéis, que envolvem arrendamentos e serviços terceirizados.
Parcela expressiva dos encargos se refere à tributação (51%) e aos juros elevados (23%), perfazendo 74% do total. Daí a grande importância da reforma tributária, sendo que a regulamentação tramita no Congresso. Por isso, preocupa-nos as exageradas concessões de isenções e reduções da taxação já incluídas no texto. Se não forem revistas, as alíquotas dos novos impostos de valor agregado serão próximas de 30%, tornando-se as maiores do mundo. Também precisamos vencer o fantasma dos juros.
Carecemos de políticas monetária e fiscal mais sinérgicas e dedicadas ao propósito de contribuir para o crescimento sustentado. Enfrentar as causas estruturais dos ônus que reduzem nossa competitividade é prioritário. É crucial criar condições adequadas para transformar o “Custo Brasil” no “Justo Brasil”, o que significa proporcionar bem-estar, trabalho digno e inclusão social, atendendo aos legítimos anseios de nosso povo de viver em um País desenvolvido.
Rafael Cervone
Presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo)
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