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Histórias do Coração

Monicque e Diego

Que sorte do Diego e da Monicque. Que sorte da moça de temperamento difícil e coração gigante que encontrou o moço alto e de voz embargada quando me diz que amor é casa

Por Carla Moro

06 de dezembro de 2020, às 09h47

A Festa do Peão de Americana é o maior evento que acontece nesta cidade. Uma semana de shows e rodeios reúne mais de 300 mil pessoas em um recinto de festas. A parte mais animada desse público certamente é formada por jovens solteiros. Menos a nossa noiva. Em 2011, a Monicque era a única jovem que desejava ter um namorado para ficar juntinho em todos os nove dias de festa.

Em 2011, quando a Festa do Peão de Americana completava 25 anos de existência, a Monicque se candidatou para Rainha da Festa. O Diego, que trabalhava na mesma empresa que ela, enviou um e-mail usando essa candidatura como desculpa para puxar assunto.

Para o amor que começa a nascer, qualquer motivo é motivo para saber do outro. A Monicque não ganhou o concurso, mas ganhou um beijo do Diego na festa da empresa que aconteceu logo em seguida.

A noiva trabalhava durante o dia. O noivo, durante a noite. Pela manhã, quando chegava na empresa e dava bom dia aos rapazes que estavam encerrando o expediente, o Diego era o único que não respondia ao bom dia da Monicque.

Marco zero é o nome que se dá ao local de fundação de uma cidade. O marco zero desse casal foi o silêncio. No silêncio do Diego, a Monicque começou a construir um amor que ainda nem se sabia amor.

Como uma cidade que nasce primeiro com uma casa, depois uma rua e outra rua até ter se transformado em bairro. Aquela primeira casa ainda não se vê cidade, mas nenhuma cidade se dá sem a primeira casa.

Monicque e Diego – Foto: Arquivo Pessoal

Para o Diego, amor é casa. No silêncio, no saber a hora de calar e de falar, o amor construiu casa, depois rua, depois bairro. O Diego e a Monicque são cidade.

Quando a Festa do Peão de Americana completou 25 anos de vida, a Monicque era candidata a Rainha da Festa. No meio do público, é possível ver sua mãe, que indignada grita com a desclassificação da filha. Só a mãe viu quando a filha chegou triste em casa, não pelo título perdido, mas por se achar sozinha quando todo mundo a sua volta já tinha um par.

Palavra de mãe pesa em dobro, é sentença, juramento. Quando a mãe diz que sente que a filha só vai ter um único namorado na vida e que ele vai chegar, nem as cerca de 300 mil pessoas que passam todos os anos pelo recinto da Festa do Peão de Americana poderiam estar mais certas dessa previsão.

Amor é juramento. Juramento de amor de pai e mãe que juraram antes de nós. A mãe da Monicque estará para sempre na casa em que disse à filha, calma, o amor chega. E o Diego chegou com o pedido de namoro uma semana depois da partida dessa mãe. Como uma previsão, juramento, sentença. E quando foi a vez de o Diego se despedir do pai, era a Monicque que segurava a sua mão. Como um sinal, um silêncio, um outro marco zero.

Uma casa é sempre maior que a própria casa, como uma semente que ainda não se sabe árvore. Amor é casa. A casa da mãe, a casa do pai, a casa que se constrói mais tarde com o amor da vida. O primeiro amor, quando se tem muita sorte. Que sorte do Diego e da Monicque. Que sorte da moça de temperamento difícil e coração gigante que encontrou o moço alto e de voz embargada quando me diz que amor é casa. Casa com a Monicque.

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro de histórias de amor. Leia mais aqui.

Quer contar sua história? Me mande uma mensagem no e-mail colunahistoriasdocoracao@gmail.com

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com