Pelas Páginas da Literatura
Lançamento 2022: ‘Água fresca para as flores’
Blog faz resenha de livro que foi sucesso de vendas na Europa e chegou ao Brasil este ano pela Editora Intrínseca
Por Marina Zanaki
23 de julho de 2022, às 08h43 • Última atualização em 23 de julho de 2022, às 08h45
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/lancamento-2022-agua-fresca-para-as-flores/
“Água fresca para as flores”, da francesa Valérie Perrin, conta a peculiar história de Violette Toussaint, zeladora de um cemitério. É um livro que fala da morte para pensar sobre a vida.
Com o curioso sobrenome “todos os santos” (significado de Toussaint em francês), a funcionária mora em uma casa anexa ao cemitério. É neste espaço que recebe pessoas que vêm visitar os entes que já se foram. Em sua sala, oferece conforto a quem vem carregado de dores e tristezas. Um desses visitantes é Julien Seul, que precisa atender ao último pedido da mãe – enterrar suas cinzas ao lado de um homem desconhecido.
O livro vai desvendando a história da mãe de Julien, ao mesmo tempo em que acompanha o presente de Viollet e conta ao leitor sobre seu passado. As histórias dessas duas mulheres se entrelaçam de maneiras improváveis, ressoando ao longo das décadas temas como amor, decepção e sacrifício.
A trama é cheia de surpresas e reviravoltas, então prefiro não contar os rumos da história para não estragar a experiência. Mas deixo a recomendação forte dessa obra, que foi um sucesso de vendas na Europa e chegou no Brasil este ano pela Editora Intrínseca.
Violette é cheia de camadas, que aparecem de forma metafórica em sua casa. Enquanto o primeiro andar é acolhedor de forma impessoal e tem paredes nuas, o piso superior é cheio de cores, móveis ricamente trabalhados e conforto. Eles remetem aos dois lados da personalidade de Violette. Ambos são verdadeiros, mas ela mostra aquele que acredita ser o mais adequado.
Todos os personagens que aparecem na história são muito complexos, mesmo aqueles que têm apenas uma passagem rápida na vida de Viollet. O grande mérito do livro é transmitir a sensação que todos ali têm suas próprias jornadas.
Achei curioso que os nomes dos capítulos são epitáfios, frases que são inscritas em túmulos e tentam resumir, em poucas palavras, a complexidade de uma vida. É como se a autora brincasse com essa ideia no próprio livro, ciente que não é possível, mas mesmo assim entregando uma história inesquecível.
Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.