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Pelas Páginas da Literatura

Lançamento 2021: A Trança, de Laetitia Colombani

Lançado em janeiro pela editora Intrínseca, livro entrelaça histórias de três mulheres que moram em continentes diferentes

Por Marina Zanaki

26 de fevereiro de 2021, às 07h36

Muitos livros e filmes contam histórias de personagens que aparentemente não tem relação entre si, mas que em algum momento vão se cruzar. Essa estrutura tem seus riscos, já que é um desafio tornar cada personagem igualmente interessante. Além disso, muitas vezes o ponto de convergência entre as histórias não consegue corresponder à expectativa criada.

Já o livro A Trança (Laetitia Colombani), lançado no Brasil em janeiro em uma edição linda da Intrínseca, usa a ideia de convergência de histórias para alcançar um ápice cheio de significados. Além do ponto de encontro entre as três histórias, a autora também consegue traçar paralelos mais sutis entre as personagens.

A Trança, da francesa Laetitia Colombani – Foto: Divulgação

A obra conta a história de três mulheres. A primeira é Smita, uma indiana que faz parte da casta inferior, os dalits. Obrigada trabalhar limpando latrinas e a comer ratos, Smita sonha com um futuro diferente para a filha, e não vai medir esforços para superar as limitações de sua condição social.

A segunda mulher que conhecemos é a jovem Giulia, que mora na Itália e trabalha com o pai no ateliê de perucas da família. Quando o pai sofre um acidente, Giulia se vê diante da responsabilidade de cuidar da empresa familiar.

A terceira história é da canadense Sarah, uma advogada devotada à profissão e mãe de três filhos. A descoberta de uma doença vai abalar sua vida, obrigando-a a rever suas decisões e prioridades.

A princípio, essas três mulheres não têm nada a conectá-las. Moram em continentes distantes, têm diferentes idades e histórias de vida. Mas tal qual uma trança, a autora vai com sensibilidade entrelaçando os fios dessas três vidas.

Sem cair no drama ou nas soluções fáceis, o livro traça paralelos e metáforas, possíveis principalmente pelo fato de todas vivenciarem a condição de ser mulher.

Entre os capítulos, Laetitia insere pequenos poemas que falam sobre a arte de escrever uma história. A autora mostra que é preciso saber cruzar os fios, entrelaçar os atos e assim criar algo novo.

Gosto dessas horas solitárias, essas horas em que dançam minhas mãos.
Estranho bailado esse, dos meus dedos.
Escreve uma história de trança e entrelaços.
Essa história é a minha história.

Embora não me pertença.

Marina Zanaki

Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.