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Editorial

Isolamento em descrédito

Por Grupo Liberal

21 de abril de 2020, às 11h47 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h48

Na semana em que completa um mês, a quarentena decretada em todo o Estado de São Paulo para combater o novo coronavírus (Covid-19) parece sofrer cada vez mais com o descrédito da população. Os dados do monitoramento inteligente do governo mostram que os maiores índices de isolamento se deram nas duas primeiras semanas do decreto estadual.

Em Americana, por exemplo, os percentuais passavam de 50% da população isolada em dias úteis. Agora, a cidade só consegue superar os 50% aos finais de semana. O município, por sinal, deu uma mostra de resistência à medida determinada pelo governo estadual quando, no último sábado, cerca de duas mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, fizeram uma carreata pedindo a reabertura do comércio e criticando o governador João Doria.

Atos do tipo também ocorreram em outras capitais brasileiras no fim de semana, cujos participantes, em sua maioria, traziam o respaldo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que faz oposição ao isolamento social decretado por estados e municípios.

Uma pesquisa do Datafolha, divulgada na última sexta-feira, reforça o crescente descrédito da população no isolamento social como forma de combate ao novo coronavírus. De acordo com o instituto, o percentual de quem apoiava a restrição de sair de casa caiu oito pontos desde a última pesquisa, feita entre 1º e 3 de abril.

Segundo o Datafolha, 68% acreditam que ficar em casa para combater o vírus é mais importante, mesmo que isso traga problemas econômicos, como desemprego. Na pesquisa anterior, o percentual era de 76%. Não houve, porém, um crescimento semelhante em quem pensa o contrário, ou seja, de que é mais importante acabar o isolamento para se retomar a economia.

O movimento contrário ao isolamento, ainda que pontual num universo de mais de 600 municípios do Estado, deve ser motivo de alerta para as autoridades de saúde em relação às próximas semanas, especialmente ao considerar que, no interior paulista, o pico dos casos estaria atrasado por conta do isolamento na capital, como argumenta um estudo da Unesp.

O Liberal

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