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Histórias do Coração

Patrícia e Paulo

Após uma festa, os dois trocaram telefones e Paulo demoraria ainda um mês para ligar; a espera da Patrícia tinha o tamanho da timidez do Paulo

Por Carla Moro

12 de setembro de 2021, às 08h04

Há pessoas que passam a vida toda tentando se organizar: terminar os estudos, encontrar um emprego, fazer uma viagem ou encontrar o amor da vida. Cada um desses pequenos fatos precisa ter um tempo certo para acontecer, uma sequência, uma ordem. Algumas pessoas passam a vida toda buscando essa ordem, e não encontram. Outras, como a Patrícia e o Paulo, simplesmente conseguem vivê-la.

Patrícia e Paulo: casamento em 18 de novembro de 2006 – Foto: Arquivo pessoal

Os estudos, o emprego, o amor da vida são como fatos encaixados em uma linha do tempo. Para quem olha de fora, é como se sempre estivessem ali. A história do coração deste domingo está em uma linha do tempo que começa em 1999, quando a Patrícia conheceu o Paulo no aniversário de 15 anos de uma amiga em comum. Ela também tinha 15 anos. O Paulo, 18. Ela ainda estava na escola. O Paulo fazia o tiro de guerra e estava na faculdade. São esses os primeiros fatos de uma linha do tempo que já dura 22 anos.

Era fim de julho de 1999 quando a festa de 15 aconteceu. Uma amiga da Patrícia disse que tinha um amigo para apresentar a ela, mas que não iria contar quem era, porque a festa tinha acabado de começar. Imagina-se que uma festa de debutante tenha muitos meninos que possam interessar a uma menina de 15 anos. Olhando ao redor, a Patrícia viu muitos deles, mas apenas um chamou a sua atenção. Ela ficou torcendo para que aquele fosse o menino que sua amiga queria apresentar.

No final dos anos de 1990, além das festas de debutantes, os adolescentes da cidade costumavam frequentar as domingueiras do Rio Branco. Em uma cidade pequena, encontrar-se com o menino que conheceu na festa da amiga fica mais fácil quando os dois vão aos mesmos lugares. Em 29 de agosto de 1999, quando a Patrícia e o Paulo marcaram um encontro na domingueira do Rio Branco já havia passado um mês desde a festa de 15 anos. O Paulo era o menino por quem a Patrícia tinha se interessado. Ele era também a pessoa que a amiga queria apresentar para a Patrícia.

Naquele dia, os dois trocaram telefones. O Paulo demoraria ainda um mês para ligar. A espera da Patrícia tinha o tamanho da timidez do Paulo. No espaço da linha do tempo deste casal, entre o dia da festa e a domingueira do Rio Branco, cabia uma vida inteira juntos que estava prestes a acontecer.

Há pessoas que passam a vida toda tentando organizar a própria vida, tentando construir para si uma linha do tempo que contemple os estudos, as viagens grandes, o casamento, a construção de uma família. Nem todos conseguem.

A linha do tempo da Patrícia e do Paulo poderia ter terminado se ele tivesse perdido o telefone dela ou se, simplesmente, nunca tivesse ligado. Suspeito que, para construir uma linha do tempo em comum, precisamos mais do que fatos, mais do que organização. Para além das datas, há o amor. O amor da Patrícia e do Paulo é a linha firme que atravessa o namoro, o noivado, o término dos estudos, o casamento. A organização dessa linha do tempo trouxe a segurança que o casal precisava. Mas é o amor a força que faz com ela já dure 22 anos.

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com