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Histórias do Coração

Heloísa e Guilherme

Essa história é de um amor que continua, no sentido mais estrito da palavra continuar

Por Carla Moro

20 de dezembro de 2020, às 09h32

A Heloísa e o Guilherme se conheceram na faculdade, ele era o veterano dando trote na caloura recém-chegada em São Carlos. Essa história é de um amor que continua, no sentido mais estrito da palavra continuar. É uma história que continua porque é amor que não pôde ser interrompido depois que começou. Como um passo de dança. Um movimento contínuo que começa nos ouvidos, ao perceberem a primeira nota, e termina no coração, que dá a força para que todo o corpo se movimente.

O movimento do nosso casal começou no trote, como a primeira nota, o primeiro acorde de uma música. Mas a Helô não ficou, acabou se mudando para outra cidade, para fazer outra faculdade, e só foi reencontrar o Gui alguns anos depois, quando voltou para ver velhos amigos que estavam se formando. Se a nossa história fosse uma dança, e se essa dança fosse, digamos, um tango, esse reencontro seria um giro: a volta que se dá para retornar ao lugar onde sempre se esteve.

Guilherme e Heloísa – Foto: Walter Fukuhara / Divulgação

Os passos que se seguiram foram ensaiados. Como morava em Botucatu, a Helô planejou um estágio em São Carlos para se aproximar do Gui. E depois disso, o caminho São Carlos-Botucatu foi percorrido tantas vezes quantas vezes são necessárias para acertar um passo que deve ser executado com perfeição.

O pedido de casamento aconteceu antes da viagem para Londres, quando a Helô foi fazer uma parte do doutorado lá. Era aniversário dela e pela frente havia uma distância maior que São Carlos-Botucatu. Dizem que encontrar um par na dança é mais difícil que encontrar um par para a vida. Mas me pergunto: como? Se a vida é dança e o amor é o ritmo que permite ao nosso casal continuar. Continuar como movimento que é impossível de ser interrompido.

O movimento do nosso casal começou em São Carlos, passando por Botucatu, Londres e voltando para São Carlos, onde foram morar juntos até que o casamento acontecesse em 2015.

A coreografia é uma sequência de passos ensaiados por um par, um acordo implícito entre aqueles que aceitam dançar a mesma música. Qual a coreografia implícita entre um casal que deseja passar o resto da vida juntos? Eu cozinho, mas você lava a louça, o segundo acorde da música. Esse par me diz que um nunca tentou mudar o outro. E me pergunto: por que deveriam?

Numa dança que pressupõe um par, o equilíbrio é encontrado nas mãos dadas com o outro.

O tango é uma dança de movimentos precisos e que só é possível de ser dançada em par. Há uma confiança e uma cumplicidade implícitas entre aqueles que se arriscam a dançá-lo. Al Pacino, no filme Perfume de Mulher, diz que ninguém erra no tango, ao contrário da vida, tão passível de erros.

No tango, se o erro acontece ou se alguém se atrapalha, só é possível continuar dançando. A Helô e o Gui continuam dançando. No casamento, quando a Helô escorregou dançando o tango, era o Gui que segurava a sua mão e que não permitiu a queda. No tango da vida que eles dançam juntos só é possível continuar. E eles estão de mãos dadas um com o outro, porque o movimento de seus corações é impossível de ser interrompido.

Quer contar sua história? Me mande uma mensagem no e-mail:
colunahistoriasdocoracao@gmail.com

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com