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Histórias do Coração

Heloísa e Alessandro

O amor consegue ser uma palavra precisa, e por isso dá conta até mesmo das diferenças entre esse casal

Por Carla Moro

04 de abril de 2021, às 15h53 • Última atualização em 04 de abril de 2021, às 15h57

Embora não existam palavras para definir todos os sentimentos e desejos possíveis de serem vividos, há uma em alemão que dá conta de um desejo muito grande: o de viajar. A palavra wanderlust descreve uma vontade imensa de ir para qualquer lugar, de explorar um mundo que está a nossa espera.

O casal dessa história é formado por uma pessoa que tem a palavra wanderlust como regra de vida e por outra que nunca quis sair da cidade onde nasceu. Mas o amor consegue ser uma palavra precisa, e por isso dá conta até mesmo das diferenças entre esse casal.

Alessandro e Heloísa – Foto: Reprodução / Facebook

A Heloísa e o Alessandro se conheceram há 11 anos. Era a festa de aniversário de 18 anos da Heloísa. Um amigo dela levou o Alessandro. As primeiras palavras trocadas entre eles foram ditas pelo próprio Alessandro: “Desculpa invadir a sua festa”.

A Helô desculpou e ali eles ficaram amigos. Ela me conta que em um momento da festa, os convidados, que já tinham bebido um pouco, foram juntos para um campinho de futebol e, de mãos dadas, correram pelo gramado. Foi a mão do Alessandro que ela segurou nessa hora. Começo é a palavra que definiu aquele encontro.

A cidade pequena fazia com que eles se encontrassem por acaso em todos os lugares, antes mesmo de decidirem ficar juntos. Mas nesses encontros, eles só se olhavam. Um dia, eles combinaram de se encontrar de propósito, foi quando o primeiro beijo aconteceu.

O tempo pode não ser uma palavra precisa, mas o desejo de estar junto determina o tempo certo para o encontro certo acontecer.

Eles se falavam todos os dias pela internet. O horário do almoço era a hora combinada para conversar. Quem entrava primeiro, esperava o outro chegar. Teve um dia, que o Alessandro não chegou. A Helô esperou, mas ele não apareceu. Naquele dia, o avô do Alessandro tinha falecido. Quando soube, a Helô foi correndo encontrá-lo. Então, ela conheceu toda a família dele. Cuidado foi a palavra que deu conta do momento em que eles começaram a namorar.

Em 2019, depois de anos juntos e sem entender muito bem para onde todos esses anos estavam levando aquele casal, a Helô foi para Londres, sem passagem de volta. Havia um desejo ou um sentimento enorme de ir em qualquer direção, já que aqui ela não conseguia enxergar um caminho certo para seguir.

Mesmo sem nunca ter tido vontade de sair de Americana, o Alessandro resolveu ir atrás da Helô. Quando eu perguntei o porquê, ele me respondeu: “eu não sabia se ela ia voltar”.

A palavra é aquilo que usamos para dizer o que sentimos, o que desejamos, o que queremos. Mas, às vezes, a palavra falta, não dá conta daquilo que sentimos. O Alessandro, sempre tão tímido, na falta da palavra, pegou um avião até Londres. Presença não foi a palavra, foi o ato que a Helô precisava para saber onde deveria estar.

Embora wanderlust dê conta dessa vontade imensa de viajar e conhecer o mundo, eu acredito que, em português, tenhamos a palavra que dá conta dessa imensa vontade de voltar: saudade.

Se saudade foi a palavra que definiu o tempo em que a Helô esteve sozinha em Londres, amor foi a palavra que fez com esse casal soubesse onde deveria estar: em qualquer lugar do mundo, desde que um ao lado do outro.

Carla Moro
Quer contar sua história? Me mande uma mensagem no e-mail abaixo:
colunahistoriasdocoracao@gmail.com

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com