Casamento 15 de outubro de 2011 – Parte II

Há duas semanas, comecei a contar aqui a história da Hedy e do Nivaldo. Hoje, partimos de onde tínhamos parado: Nivaldo, após dar carona para a Hedy, aproveitou para visitar alguns clientes na mesma cidade. À noite, encontraram-se novamente, pois ainda estavam hospedados no mesmo hotel. Da carona, surgiu o interesse. Do interesse, surgiu a conversa. E, bem, da conversa, surgiu o amor. É desse amor que vou falar hoje.

Nos anos de namoro que se seguiram, Hedy e Nivaldo foram construindo um caminho juntos: por trabalharem viajando, uniam os trajetos e desenhavam no mapa os encontros. Acredita-se sobre o amor que se dá a distância que ele é difícil, trabalhoso. E, sobre o amor difícil, sabemos, pode-se pensar muitas vezes que é o tipo de maior valor, como se da dificuldade nascesse o mérito. Não foi o caso da Hedy e do Nivaldo.

Ela morava em Americana. Ele, em Campinas. Para além disso, estavam sempre viajando, mas encontravam-se o tempo todo. Há caminhos que são de partida: aos casais que namoram a distância, o encontro carrega o peso da despedida. Este casal tinha o mesmo estilo de vida, as distâncias eram, na verdade, os caminhos para o encontro.

Então, depois de anos levando essa vida de estradas, o Nivaldo resolveu mudar-se para Americana e, junto com a Hedy, abrir uma loja por aqui. Apesar de gostar muito do trabalho, eles entenderam que era o momento de encontrar um ponto de parada. Inauguraram a loja e, um mês depois, casaram-se no cartório. A loja era um sonho do Nivaldo. Na generosidade do amor, ele perguntou para a Hedy: e o seu sonho, qual é? Quando ela respondeu: “me casar”, não houve dúvidas. “Então, a gente casa mês que vem”. E havia no cartório justamente uma data para dali um mês.

Em 2018, já casados, a Hedy ficou sabendo de um concurso feito por uma feira de noivas. A melhor história de amor ganharia um casamento dos sonhos, com tudo pago. Dois dias antes de terminar o prazo, com ajuda de uma amiga, ela enviou a sua história com o Nivaldo. Foram 250 histórias inscritas no concurso.

No ano seguinte, 2019, a Hedy faria 50 anos. Comemorar o aniversário se casando com o amor da vida seria a melhor forma de celebrar. Quando, na feira de noivas, a história da Hedy e do Nivaldo foi anunciada vencedora, o casal mal podia acreditar.

Casaram-se no religioso no dia 22 de fevereiro de 2019, na Igreja de Santa Catarina de Sena. Hedy sempre via os casamentos acontecendo ali, já que mora de frente para a igreja. Era um sonho ser uma daquelas noivas. Quando, a partir do concurso, pôde escolher onde se casar, ela não teve dúvidas. Os nossos desejos costumam definir o tamanho dos nossos sonhos.

Embora acredite-se que, muitas vezes, o mérito do amor está na sua dificuldade para acontecer, a história da Hedy e do Nivaldo nos mostram o contrário. O amor não precisa ser trabalhoso, ele precisa ser um desejo comum, que vai atravessando os caminhos e dividindo os sonhos: como o sonho da loja ou o sonho do casamento. No amor, veja bem, não é possível sonhar sozinho.