Além da proximidade e da evolução praticamente conjunta nas últimas décadas, Americana e Santa Bárbara d’Oeste têm em comum agora dois poderes liderados pela mesma sigla política. Na última sexta-feira, primeiro dia deste novo ano, foi dada posse aos prefeitos e vereadores eleitos em novembro.

Em Americana, assumiu o governo municipal o ex-deputado Chico Sardelli. Na câmara, Thiago Martins, vereador reeleito para o segundo mandato, será o presidente. Já em território barbarense, o comando da prefeitura ficará sob a responsabilidade de Rafael Piovezan, que terá no prédio vizinho, Joel do Gás na presidência entre os vereadores.

Em ambas as cidades, poderes Executivo e Legislativo terão entre suas lideranças nomes do PV, o Partido Verde. Tanto Thiago Martins quanto Joel do Gás são aliados políticos dos prefeitos de seus respectivos municípios.

Há no sistema político uma proximidade bastante desejada entre prefeitura e câmara, que vai desde o interesse e a necessidade de se ter uma boa articulação para aprovar medidas de governo quanto para barrar eventuais desgastes por questionamentos ou investigações a supostas irregularidades.

É neste ponto que a harmonia entre os poderes pode se tornar, na verdade, um problema para a cidade.

A câmara e seus vereadores têm como uma de suas principais obrigações fiscalizar o Poder Executivo. Para isso, é preciso independência. Ainda que os escolhidos discursem em favor de tal “independência”, é indiscutível que as próprias manobras que os levaram à presidência do Legislativo são frutos destas amarrações entre os grupos políticos, que não envolvem apenas os interesses populares.

A relação harmônica não deve ser uma venda ou amarra ao poder fiscalizatório das câmaras, das quais se espera que, apesar da relação partidária entre seus líderes, não façam vista grossa aos novos governos.