25 de abril de 2024 Atualizado 10:56

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Histórias do Coração

Giselle e Fernando

O casal dessa história sabe muito bem o peso que há em começar algo, pois eles precisaram começar de novo depois de um acidente no final de 2019

Por Carla Moro

09 de maio de 2021, às 07h00 • Última atualização em 09 de maio de 2021, às 16h28

O casal Giselle e Fernando - Foto: Arquivo Pessoal

Eu pensei muito em como começar essa história, porque ela é tão grande e tão cheia de significados, que tive medo. Começar, o que quer seja, é sempre difícil. O casal dessa história sabe muito bem o peso que há nisso, pois eles precisaram começar de novo depois que o Fernando sofreu um acidente no final de 2019. Mas, ainda não é sobre isso que quero falar. Se começar é difícil, partiremos do início, dando um passo de cada vez, porque a história da Giselle e do Fernando é também assim: feita de um passo de cada vez.

Eles se conheceram quando tinham apenas 13 anos e foram pais da primeira filha aos 15 anos. Por si só, este começo já seria um começo difícil. Como dar conta da escola, da filha que tinha acabado de nascer, de um futuro que tem o peso de uma vida inteira quando ainda somos adolescentes? Para alguns, o amadurecimento se dá com o tempo. Para outros, como a Gi e o Fernando, ele acontece com as circunstâncias.

Em setembro de 2019, dois meses antes do acidente que faria este casal precisar começar de novo, a Giselle tinha uma corrida. A corrida era o esporte que eles praticavam juntos. O Fernando também correria. Por conta do trabalho, um trabalho novo em outra cidade, ele só teve tempo de ver a Gi cruzando a linha de chegada. Saber que ele estaria ali, foi a força que ela precisava para terminar o trajeto.

Em dezembro do mesmo ano, o Fernando sofreu um acidente que faria com que ele passasse 52 dias na UTI. Ao ser comunicada sobre o acidente, a Giselle foi até Ribeirão Preto, cidade onde o Fernando estava trabalhando e onde ficaria todos os dias até que pudesse trazê-lo de volta para casa. Saber que ela estaria ali, era a força que ele precisava para enfrentar o que estava por vir.

Aqueles que correm sabe que o começo é sempre a parte mais difícil da corrida. Nosso corpo precisa se acostumar com aquele novo movimento, com o coração batendo mais rápido, a respiração acelerada, o sangue circulando mais depressa. Um bom corredor sabe que a corrida acontece primeiro dentro de nossa própria cabeça. “Seu corpo alcança o que sua mente acredita”. A frase que a Gi ouvia do Fernando quando eles corriam juntos foi a mesma que ela repetiu para ele todos os 52 dias na UTI.

Aqueles que correm também sabem que nunca terminamos uma corrida do mesmo jeito que começamos. Somos uma pessoa na largada e outra na linha de chegada. Como na vida, os começos, apesar de difíceis, constroem e determinam como será o caminho que vem adiante. Há uma história que terminou quando o Fernando caiu de uma altura de quatro metros enquanto trabalhava. Mas há também uma história que começou naquele exato momento. Uma história construída por um passo de cada vez.

As dificuldades de uma vida não acabam quando encontramos o amor, mas apenas com amor é possível passar pelas dificuldades de toda uma vida. O novo começo da Gi e do Fernando foi quando ele pode finalmente voltar para casa. Nessa nova caminhada, só é possível construir juntos o trajeto. E a Gi e o Fernando têm caminhado um caminho de amor, de mãos dadas, um passo de cada vez. Essa nova história já teve sua largada e a linha de chegada tem o tamanho de uma vida inteira para ser vivida.

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com