Estúdio 52
‘WandaVision’ encerra ciclo e entrega temporada à altura do MCU
Último episódio da série equilibra pancadaria e roteiro, sem perder de foco os dramas de sua protagonista
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05 de março de 2021, às 16h25
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/estudio-52-wandavision-encerra-ciclo-e-entrega-temporada-a-altura-do-mcu/
Exibido mundialmente nesta sexta-feira (5) via Disney+, o nono e último episódio da temporada de “WandaVision” fecha o arco mais difícil da trajetória de Wanda até agora no MCU (Universo Cinematográfico da Marvel).
Sem nenhuma aparição especial de outros Vingadores nesta conclusão, a série se sustenta por si só e entrega a história que se propôs a contar desde o início. Antes de abordarmos o episódio, propomos uma rápida reflexão.
Não nego que a Marvel “provocou” os fãs durante toda a temporada com pequenas referências ou indícios, aqui e ali, de que algo “mais grandioso” aconteceria. A decisão de trazer Evan Peters, o Mercúrio dos filmes do X-Men, para viver o personagem no MCU deixa clara essa intenção.
Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que o público nerd está desacostumado a consumir séries com periodicidade semanal. Há um desespero por adivinhar o que acontecerá em seguida que movimenta todo um mercado especulativo de produtores de conteúdo.
Existiam motivos para crer que Mefisto apareceria na série? Evidentemente. O próprio Estúdio 52 abordou o tema por aqui. As possibilidades eram interessantes. Contudo, podemos afirmar com tranquilidade que nunca deixamos de lado os dois principais motivos para assistirmos “WandaVision”: Wanda e Visão.
Por que assistir uma série de nove episódios na expectativa insana de que o Dr. Estranho ou qualquer outro herói aparecesse? A série é sobre Wanda, um dos mais poderosos seres já criados nos quadrinhos. Ela é interessante por si só.
A forma como a série ressignifica a personagem é digna de aplausos. Trata-se de um excelente trabalho de roteiro, competente em introduzir até mesmo um dos mais subjetivos poderes: a manipulação de probabilidades, como visto no episódio anterior e que preenche lacunas deixadas em “Vingadores: A Era de Ultron”.
Portanto, fica o alerta para quem está ansioso pelas próximas séries do MCU no Disney+: contenha suas expectativas e aproveite o show. Dito isto, vamos falar sobre o episódio com SPOILERS.
Pancadaria e roteiro na medida certa
“WandaVision” é uma série sobre luto. Sobre a dor de perder alguém – mais de uma vez no caso de Wanda – e não conseguir digerir isso. Praticamente toda a vida personagem é pautada pelo luto até este ponto.
Todos os episódios, sem exceção, trataram da solidão e da completa falta de perspectiva de Wanda. Neste final de temporada, a série recorre à pancadaria para entregar uma conclusão, mas sem deixar de lado o roteiro.
É possível afirmar que a arrogância de Agatha Harkness provocou sua ruína. Mesmo sabendo que Wanda era mais poderosa do que o Mago Supremo (leia-se Dr. Estranho), ela julgou que seria uma boa ideia sugar o poder alheio na base da força.
Foi descuidada, não percebeu o plano de Wanda e acabou presa no próprio papel que escolheu para desempenhar na “série”: a vizinha bobalhona. O fato de Wanda a ter mantido a vilã presa nessa ilusão deixa claro de que a personagem deve reaparecer futuramente.
Já o embate entre o Visão Branco e o Visão criado por Wanda entregou a carga filosófica necessária para o episódio respirar e não se resumir ao conflito. Agora, pode-se dizer que Visão Branco, a versão remontada do herói, realmente está vivo.
Com suas memórias recuperadas, o sintozóide está solto no mundo, pronto para ser utilizado pela Marvel a qualquer momento.
O principal conflito para Wanda neste fim de temporada não foi superar Agatha, e sim abrir mão daquilo que ama. Novamente, para libertar os moradores de Westview, ela se vê obrigada a se despedir e aceitar a morte de Visão, além de perder seus dois filhos.
Um dos detalhes mais interessantes em termos de universo é que a série realmente estabeleceu que uma parte da joia da mente se fundiu ao corpo de Wanda quando ela foi exposta ao artefato no passado. É por isso que ela conseguiu dar vida para Visão, que se revelou uma parte essencial da própria personagem: sua dor, amor e esperança.
É difícil não se emocionar com o final do episódio, que encerra a fase de luto de Wanda e abre um leque de possibilidades para a personagem. Heroína, vilã ou antagonista? São caminhos palatáveis para a Feiticeira Escarlate, que tem poder suficiente para destruir o mundo.
O que vem a seguir
Temos duas cenas pós-créditos neste episódio, ambas importantes para o futuro do MCU, mas em obras diferentes. Comecemos pela primeira.
Ainda em Westview, vemos Mônica Rambeau sendo contada por uma Skrul, raça alienígena que apareceu em “Capitã Marvel” e em “Homem-Aranha: Longe de Casa”. A visitante diz para a terráquea que um amigo de sua mãe quer vê-la e que ele a espera… lá no espaço.
A referência é óbvia. Ao final do último filme do teioso, descobrimos que Nick Fury (Samuel L. Jackson) está comandando uma base no espaço, enquanto um Skrul chamado Talos assumiu a forma de Nick Fury na Terra para que o original pudesse cuidar de assuntos ainda não revelados.
Eis o gancho para “Changeup Productions”, título provisório para a série que está em produção para a Disney+ e adaptará um arco clássico dos quadrinhos: “Invasão Secreta”. Na trama, os heróis descobrem, pouco a pouco, que seus amigos e inimigos tem sido substituídos discretamente por… skrulls.
Já estão confirmados como protagonistas Fury e o próprio Talos, vivido pelo ator Ben Mendelson.
A expectativa é de que a série tenha seis episódios, assim como “Falcão e o Soldado Invernal”, que estreia neste mês. Por enquanto, ainda não há uma data de estreia confirmada e as gravações devem começar em abril.
Agora, vamos para a segunda cena pós-credito. Encontramos Wanda em um cabana isolada, tomando chá e curtindo o isolamento social (não por motivos de pandemia).
Porém, a câmera deixa a protagonista na cozinha, segue para o quarto e encontramos Wanda em projeção astral, estudando freneticamente o Darkhold, o maior livro de magia negra do Universo Marvel, e chamado de “Livro dos Condenados” por Agatha Harkness.
O Darkhold já apareceu em outras séries da Marvel, como “Agents of Shield” e “Manto & Adaga”. Particularmente, creio que essas experiências anteriores não serão aproveitadas pelo MCU, mas é algo para se considerar.
O fato de Wanda conseguir manter o corpo ativo enquanto está em projeção astral já reforça a tese que, de fato, ela é mais poderosa do que o Dr. Estranho. Ao final da sequência, ela ouve os filhos pedindo socorro e a cena é encerrada.
Foi mais discreto do que o esperado, mas tivemos a conexão para “Dr. Estranho no Multiverso da Loucura”. É interessante notar que o tema do primeiro filme do Dr. Estranho embala brevemente essa última cena, deixando claro o gancho para o segundo filme, que só estreia em 2022.
Ainda é uma incógnita a forma como se dará a interação desses vingadores. Não apostaria que Wanda será antagonista ou vilã, pelo menos não nesse primeiro momento, mas a busca pelos filhos pode deixar as coisas complicadas.
NOTA: 5 de 5
Quer saber sobre aquela série que está bombando na internet? Sim, temos. Ou aquele jogo que a loja do seu console vai disponibilizar de graça? Ok. Curte o trivial e precisa dos lançamentos do cinema? Sem problema, é só chegar.