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Estúdio 52

O jeito de agradar diferente de ‘The Way of the Househusband’

Comédia slice-of-life funciona e tira boas risadas, pelo menos após se acostumar com o formato

Por Maíra Torres

15 de abril de 2021, às 13h56

Extremamente engraçado, divertido, mas.. em um formato meio incomum. É assim que é “The Way of the Househusband”, ou “Gokushufudou: Tatsu Imortal”, o novo anime com apenas cinco episódios da Netflix.

Na trama, acompanhamos a rotina e os problemas do dia a dia de Tatsu Imortal, um ex-integrante da máfia japonesa Yakuza que virou dono de casa em tempo integral.

E é daí que vem a graça. Por mais que ele se esforce, sua aparência assustadora e sempre intimidadora, mesmo quando usa um avental de urso, cozinha, faz compras e aulas de yoga, é o que tira as risadas de quem assiste. Não, a comédia não está no fato dele virar um dono de casa, mas dele não conseguir deixar de ser quem é, seu jeito, mesmo mudando drasticamente de profissão.

Claro, a quantidade de drama – que só quem realiza trabalhos domésticos consegue entender, pelo menos uma parte – vem da grande importância que Tatsu dá em cuidar das pessoas que ama através das tarefas domésticas.

Já vimos isso com mães, pais, avós. Uma mancha na camisa vira um enorme problema. Não pela mancha, mas pelo dono da camisa. E, claro, pelo orgulho básico em removê-la do tecido. São essas as situações que permitem que o público se reconheça no personagem principal.

Tatsu segue seu lema sempre, não importa o que aconteça ou se é ferido – Foto: Divulgação

E é só essa semelhança também, já que Tatsu Imortal é uma pessoa, no mínimo, diferente da maioria. Ele leva tudo extremamente a sério e se empenha totalmente em tudo que faz.

Apesar de incomum, o formato da série contribui para a criação da imagem do personagem e do drama cômico que ele carrega.

Cada episódio, com míseros quinze minutos, é dividido em vários “capítulos” menores, cada um com uma situação do cotidiano de Tatsu: cuidando de sua esposa, da casa, e reencontrando várias pessoas que o reconhecem como ex-membro da Yakuza.

A ira de Tatsu Imortal não perdoa nem a barata que invadiu seu território – Foto: Divulgação

O estranhamento vem porque mesmo sendo um anime, ele não é fluido como uma animação. A sensação, para quem assiste, é de que colocaram os quadrinhos do mangá em sequência na televisão, coloriram, dublaram e colocaram trilha sonora, que, diga-se de passagem, é muito boa.

De certa forma, não dá para aplaudir à primeira vista, porque foge do que se espera quando se transforma um mangá em anime. Só nos acostumamos com a questão visual no meio do segundo ou terceiro episódio.

Um dos pontos negativos desse jeito de narrar, é que, além de tirar a fluidez da história, por conter história curtas, quem assiste também precisa ficar mais ligado. A sensação é de que os acontecimentos passam muito rápido e mais que preenchem esses quinze minutos.

Ao assistir, várias vezes pensei que “aquele fosse o último capítulo”, mas o tempo me enganava e na verdade apareciam mais dois. Desse ponto de vista, o tempo reduzido dos episódios se justifica, pois se entrega muito conteúdo. Mesmo assim, fiquei querendo mais.

Vemos até Tatsu participar de uma aula de yoga e reconhecer as posições – Foto: Divulgação

Mesmo com as “desvantagens” mencionadas, é possível aceitar o formato quando se olha mais a fundo nos motivos dessa escolha. Quadrinhos em sequência (e relativamente em movimento) deixam as situações muito mais dramáticas e, consequentemente, engraçadas, do que uma animação convencional deixaria.

Isso é sentido principalmente ao mostrar as reações de Tatsu ao ser reconhecido ou ao reagir exageradamente a alguma situação problema. Quem não vê por esse lado, no entanto, talvez chegue a pensar que isso só deixa o anime “meio frouxo”, que falte vida. Não foi minha opinião.

A devoção de Tatsu por sua esposa é linda e inspiradora – Foto: Divulgação

Com saldo positivo, muitas risadas, cenas memoráveis e carinho pelos personagens, a verdade é que assisti e não soube dizer exatamente se gostei logo ao fim do primeiro episódio.

Pude bater o martelo na metade do segundo, começo do terceiro, quando me adaptei à proposta. O problema maior é que muitos talvez não insistam até o terceiro episódio. E é por isso que preciso dizer, vale muito a pena.

Quem virou fã, como eu, já pode comemorar, porque a Netflix anunciou que o anime ganhará uma “segunda temporada”, ainda sem data revelada ou mais detalhes.

Nota: 4,5 de 5,0.

Maíra Torres

Repórter do Liberal, produtora do Gold Morning e apresentadora do Resumo Gold na FM Gold. Entusiasta de animações desde que aprendeu a abrir os olhos e otaku recém-nascida. A doida que assiste três filmes seguidos no cinema.

Estúdio 52

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