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Estúdio 52

Com episódios gravados na pandemia, ‘Euphoria’ atinge outro patamar

Depois de uma primeira temporada intensa, novos capítulos priorizam os diálogos e o talento de suas protagonistas

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20 de fevereiro de 2021, às 18h22 • Última atualização em 22 de fevereiro de 2021, às 09h40

É fácil ler a sinopse de “Euphoria” e imaginar que se trata de mais uma série banal sobre dramas adolescentes. Lançada em 2019, a primeira temporada – baseada em uma minissérie israelense de mesmo nome – surpreendeu público e crítica e se tornou um dos grandes destaques do catálogo da HBO.

Entretanto, por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), as filmagens da segunda temporada tiveram de ser adiadas. Durante esse período, o diretor e criador da série, Sam Levinson, trabalhou em dois episódios especiais que são focados, basicamente, em diálogos.

Gravados durante a pandemia, o primeiro capítulo foi ao ar em dezembro, enquanto o segundo ficou disponível em janeiro deste ano. Essa foi uma forma de atender aos fãs enquanto não é possível entregar uma temporada completa.

Cada episódio acompanha o desdobramento da vida das protagonistas após o final da temporada: Rue, interpretada por Zendaya, que é uma garota de 17 anos viciada em drogas, e Jules, uma adolescente transexual interpretada pela atriz trans Hunter Schafer.

Para além das duas personagens principais, a série acompanha um grupo de estudantes do ensino médio, com direito a todos os clichês: uso de drogas, sexo, busca pela identidade, traumas e o comportamento pautado pelas redes sociais.

Hunter Schafer (esq.) e Sam Levinson nas gravações durante a pandemia – Foto: Reprodução / Instagram

A diferença de “Euphoria” para as demais produções do gênero é a forma brutalmente honesta como os temas pesados são abordados. Não existe romantização sobre o uso de drogas, nem sobre relacionamentos abusivos.

Sam Levinson não permite que a audiência acredite, nem por um momento, que os fins justificam os meios, ou que é aceitável uma adolescente ter seu “traficante particular”. Existe um posicionamento claro ali.

Ao mesmo tempo, o roteiro da série não “vilaniza” o comportamento adolescente. Aliás, reconhece o turbilhão de emoções que envolvem essa fase da vida, sem nunca soar raso ou escapista.

Com nove episódios, a primeira temporada consagrou Zendaya no Emmy de 2020. Porém, é o episódio especial de dezembro que coloca a atriz – e a série – em outro patamar. A segunda temporada deve ser gravada ainda em 2021.

A partir daqui, teremos spoilers sobre os episódios de fim de ano e, consequentemente, da primeira temporada.

Zendaya se firma como uma das grandes atrizes de sua geração – Foto: HBO / Divulgação

No primeiro episódio, “Trouble Don’t Last Always”, fica evidente que Rue não tem condições psicológicas para lidar com um relacionamento. É véspera de Natal e a jovem está em um restaurante de beira de estrada com Ali (Colman Domingo), que serve como uma espécie de mentor para tentar afastá-la do mundo das drogas.

Durante quase 60 minutos, Sam Leviston mergulha no psicólogo de Rue de forma crua. A primeira temporada havia se destacado, em parte, pela maquiagem e design de produção, o que torna ainda mais surpreendente o caminho escolhido para os episódios de fim de ano.

Não existem distrações. É um trabalho magistral de roteiro que clama por uma atriz de “elite”. Aos 24 anos, Zendaya já está neste patamar.

A variedade de emoções que a jovem atriz consegue entregar apenas com o olhar é digna de mais um Emmy. Você sente a dor da personagem em cada frase, manejo de cabeça e até mesmo nos raros sorrisos. Tem muita coisa sendo dita ali.

Jules, vivida por Hunter Schafer, encara suas inseguranças na terapia – Foto: HBO / Divulgação

Ainda que não no mesmo nível, Hunter Schafer consegue manter o padrão de atuação alto no segundo episódio especial. O que é surpreendente, já que este é o primeiro trabalho da então modelo e ativista de 21 anos.

“Fuck Anyone Who’s Not a Sea Blob” é totalmente focado em Jules. Durante sua primeira sessão de terapia, a jovem encara o fato não conseguir ser a “âncora” que Rue precisa para se manter limpa.

Os dramas com a mãe, que nunca aceitou sua decisão pela transição de gênero, e o conflito em continuar ou não com esse processo ajudam a aprofundar a personalidade de Jules. Até então, é justo afirmar que a série era movida, basicamente, pelos eventos ao redor de Rue.

Por fim, é interessante ver como ambas encaram a separação ao final da temporada. As duas relatam ter tido o mesmo sonho, de morarem juntas em Nova York. De um jeito ou de outro, no entanto, tudo acaba mal.

Parece ser um caminho natural que a segunda temporada aborde ainda mais a separação delas, o drama de Jules sobre a transição e as decisões que Rue terá de tomar sobre seu vício.

Apenas espero que Sam Levinson consiga manter o estilo da primeira temporada sem abrir mão da intensidade dos diálogos vistos nestes dois especiais.

Estúdio 52

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