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Estúdio 52

‘Calls’ é o podcast disfarçado de série de TV que você não sabia que precisava

Somente com as vozes do elenco, novo suspense da Apple TV+ mistura horror com ficção científica em narrativa envolvente

Por André Rossi

07 de abril de 2021, às 15h00 • Última atualização em 07 de abril de 2021, às 15h43

Com nove episódios de até 20 minutos, “Calls” é uma das grandes surpresas da temporada. Série exclusiva da Apple TV+, a produção poderia muito bem ter sido lançado diretamente em formato podcast, já que se trata basicamente de um áudio drama.

Em cada capítulo acompanhamos uma história diferente, mas que trazem elementos similares que as conectam. Horror e ficção científica se misturam enquanto o mundo vive um apocalipse que parece distorcer o espaço-tempo.

Antes de virar série pelas mãos da gigante de tecnologia, o projeto nasceu como um curta-metragem francês. O criador, Timothée Hochet, se inspirou em vídeos que compilavam ligações recebidas pelos serviços de emergência dos EUA. O sucesso foi tanto que a Canal+ da França comprou o material e vendeu para a Apple em 2018.

Com direção de Fede Álvares (“O Homem nas Trevas”), “Calls” segue sempre a mesma dinâmica. Duas ou mais pessoas estão conversando por telefone quando coisas estranhas começam a acontecer. Nunca temos imagens dos protagonistas, apenas suas vozes.

A tela, no entanto, não fica estática, único motivo pelo qual a série não pode ser confundida com um podcast. Ao invés disso, vemos as representações sonoras das ligações como se fosse um reprodutor de áudio. Por vezes, o recurso funciona como uma espécie de radar, mapeando o cenário no qual os personagens estão.

A estática se molda aos diálogos durante todos os episódios – Foto: Divulgação

Apesar de simples, o artifício visual eleva a tensão. Existe um senso de urgência absurda em cada episódio. O elenco estrelado ajuda o público a comprar a ideia. Aaron Taylor-Johnson (“Kick Ass”), Pedro Pascal (“The Mandalorian”) e o músico Nick Jonas são alguns dos famosos.

A partir daqui, vamos abordar a temática de alguns episódios. Mesmo sem revelar a conclusão das tramas, o conteúdo pode ser considerado spoiler por alguns públicos, então fica o aviso.

Série consegue variar as interações para fugir da repetição – Foto: Divulgação

Provavelmente o capítulo mais interessante é o segundo. Nele, temos Mark deixando sua casa após brigar com a namorada, que está grávida. Ele nunca quis ter filhos e, sem saber lidar com a situação, decide viajar até a casa de um amigo.

No meio do caminho, começa a receber ligações estranhas de parentes. Pouco a pouco, é revelado que Mark está “atrasado” no tempo.

Enquanto ele ainda está na estrada, tendo saído de casa há menos de meia hora, o futuro de seus familiares já aconteceu e até mesmo seu filho já nasceu. A partir daí, o protagonista tenta achar uma solução para o inesperado problema.

Os elementos de horror conectam a trama da obra. Algumas situações se repetem nos episódios, o que ajuda o público a ligar os pontos.

Existem arcos mais leves e quase divertidos, como no terceiro capítulo, no qual Patrick descobre que está sendo traído pela esposa. O detalhe curioso é quem lhe conta isso: ele próprio, mas em sua versão do futuro.

Porém, existem histórias que são puramente trágicas. O episódio sete é especialmente aterrorizante e inclui um conceito similar ao da franquia “Premonição”.

Por conta dessa distorção no espaço-tempo, algumas pessoas conseguem se comunicar com suas versões do passado. Ao evitar acontecimentos trágicos, o universo apocalíptico parece intervir para garantir que tudo não saia do eixo, gerando situações ainda piores do que as originais.

Mesmo com o modelo similar em cada episódio, a série encontra maneiras de não se tornar monótona, principalmente no episódio oito. Ao invés de apenas trazer as ligações telefônicas, ouvimos as conversas do sistema de comunicação de um avião, o que traz novas opções de tensão.

Ao final da temporada, “Calls” consegue amarrar todas as narrativas apresentadas. Cada uma das histórias que você presenciou importa. A série recorre a alguns clichês no último episódio, mas nada que prejudique a experiência.

Não deixe o formato inusitado te afastar. Apenas com áudio, “Calls” consegue engajar o público de forma mais intensa do que muita série tradicional por aí.

Nota: 4 de 5.

Estúdio 52

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