Estúdio 52
Apesar de nostálgico, ‘Um Príncipe em Nova York 2’ poderia ter oferecido mais
Filme consegue dar sequência às ideias do primeiro e até aprofunda um pouco a discussão sobre patriarcado, mas se limita a isso
Por Rodrigo Alonso
10 mar 2021 às 13:57
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/estudio-52-apesar-de-nostalgico-um-principe-em-nova-york-2-poderia-ter-oferecido-mais/
Enquanto “Um Príncipe em Nova York (1988)” ficou marcado por apresentar novidades ao cinema, sua continuação deverá ser lembrada, meramente, como uma continuação.
Lançado no último dia 5 no Brasil, no Amazon Prime Video, “Um Príncipe em Nova York 2” consegue dar sequência às ideias de seu antecessor e até aprofunda um pouco a discussão sobre patriarcado, mas se limita a isso. Mesmo assim, há pontos positivos que merecem ser ressaltados.
Trinta anos após a trama do primeiro filme, o príncipe Akeem (Eddie Murphy) continua casado com Lisa (Shari Headley) e tem três filhas, mas é cobrado por não ter um filho homem para herdar o trono de Zamunda, país fictício africano.
Porém, ele descobre que tem um bastardo nos Estados Unidos e vai atrás dele para transformá-lo em um herdeiro da coroa. É aí que começa a polêmica que a obra se propõe a debater.
A filha mais velha de Akeem, Meeka (KiKi Layne), se preparou a vida toda para comandar Zamunda, mas a lei determina que apenas um homem pode assumir o reino – a partir daqui, cuidado com spoilers.
Mesmo tornando-se rei depois da morte de seu pai, Akeem não quer nem discutir sobre o assunto. Diz que essa é a lei, como se fosse imutável, apesar de ele mesmo provar, no primeiro filme, que tradições podem ser revistas.
Quando chega ao trono, Akeem, inclusive, passa a entrar em conflito com os próprios ideais e, sem perceber, fica cada vez mais parecido com seu pai, de quem ele tanto discordava.
O agora rei encontra seu bastardo, Lavelle Junson (Jermaine Fowler), e o leva para Zamunda. A partir daí, “Um Príncipe em Nova York 2” faz o caminho contrário de seu antecessor.
Em vez de um príncipe africano se adaptando à pobreza nos Estados Unidos, como foi no primeiro longa, vemos um jovem americano enriquecendo da noite para o dia e aprendendo os costumes de Zamunda. O título do filme até perde um pouco o sentido.
Lavelle, no entanto, está sendo usado por Akeem, que precisa de um herdeiro homem para evitar uma guerra. A ideia, desde início, é forçar um casamento entre Lavelle e a filha do general Lizzi (Wesley Snipes), líder de uma civilização inimiga que ameaça atacar Zamunda.
Lavelle se encanta pela beleza de sua prometida e aceita se casar com ela mesmo sem conhecê-la devidamente. E Akeem encoraja a união entre eles, apesar de ter recusado um casamento arranjado no primeiro filme porque queria uma conexão emocional com sua esposa.
O longa foca em três situações: o desespero e as incoerências de Akeem, a adaptação de Levelle a Zamunda e o fato de Meeka ser impedida de assumir o trono. A última delas é a mais interessante, apesar de ter sido menos desenvolvida. Uma pena.
Como comédia, “Um Príncipe em Nova York 2” fica aquém das expectativas e perde bastante para seu antecessor. As piadas continuam “forçadas”, mas o tom crítico característico do primeiro filme não tem a mesma força.
No final das contas, há a impressão de que o longa poderia ter oferecido mais. Tinha a oportunidade, por exemplo, de dar mais protagonismo às personagens femininas, principalmente levando em consideração que o filme faz uma clara crítica ao patriarcado. Em vez disso, as filhas de Akeem – que são três! – quase não abrem a boca. A própria Meeka fala pouco, apesar de sua importância para a história.
Por outro lado, “Um Príncipe em Nova York 2” carrega uma boa dose de nostalgia e leveza, mantém a pegada do primeiro e pode render algumas risadas.
Nota: 3 de 5
Rodrigo Alonso
Repórter do LIBERAL, está no grupo desde 2017. É “fifeiro” desde criança e, se puder, passa horas falando de filme e série, então nada melhor do que unir o útil ao agradável.
Quer saber sobre aquela série que está bombando na internet? Sim, temos. Ou aquele jogo que a loja do seu console vai disponibilizar de graça? Ok. Curte o trivial e precisa dos lançamentos do cinema? Sem problema, é só chegar.