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Papo Fermentado

Escolas Cervejeiras: Germânica e Franco-belga

Escolas Cervejeiras também são uma forma de dividi-las de modo que, ao citarmos algum estilo, já saibamos quais características encontrar

Por Papo Fermentado

20 de maio de 2021, às 10h30 • Última atualização em 20 de maio de 2021, às 10h34

No penúltimo texto falamos sobre o estilo provisório Catharina Sour e fizemos uma breve introdução sobre escolas cervejeiras. Se você quer retomar essa leitura é só clicar AQUI.

Hoje vamos nos aprofundar um pouco mais nas escolas cervejeiras, começando pela Germânica e pela Franco-belga. Lembre-se que há muitas maneiras de dividir as cervejas: as escuras, as claras, as mais ou menos alcoólicas, de alta ou baixa fermentação… Escolas Cervejeiras também são uma forma de dividi-las de modo que, ao citarmos algum estilo, já saibamos quais características encontrar. A forma de produção, o clima, ingredientes, como a sociedade relaciona-se com a cerveja, como e onde consomem, as festas típicas, história, tradição… esses e outros elementos definem uma escola cervejeira.

A escola Germânica engloba a Alemanha, Áustria, Eslováquia, Polônia, República Tcheca e Holanda. Por consequência da Lei de Pureza de 1516 e de suas tradições, são bairristas e muito fiéis aos ingredientes utilizados, processos e a cultura cervejeira local. Cada região possui sua própria cervejaria, o que remonta a organização feudal da Idade Média.

As marcas mais conhecidas são Paulaner, Erdinger, Schneider Weisse, Schlenkerla, Weihenstephaner , Ayinger… São mais de 05 mil marcas fabricadas por cerca de 1300 cervejarias. Já os estilos mais conhecidos são Bohemian Pilsner, German Pils, Bock e Doppelbock, Dunkel e Weizenbier, no geral são menos amargas, mais maltadas, a maioria dos estilos são da família Lager, apresentam boa espuma e a maioria dos aromas e sabores são advindos do lúpulo e do malte.

Mas também não podemos nos esquecer da acidez de uma Berliner Weisse, o amargor mais pronunciado da Altbier e o defumado da Rauchbier. São, aproximadamente, 100 litros de cerveja consumidos por pessoa ao ano e, especificamente, na República Tcheca são quase 140 litros ao ano, o maior consumo per capita do mundo! Nada mal para o país berço da Bohemian Pilsner.

Já a escola Franco-belga é marcada por sua irreverência e criatividade. Enquanto os alemães honram a utilização de apenas água, malte, lúpulo e levedura em suas cervejas, os belgas usam e abusam de frutas, especiarias, da fermentação espontânea, outras fontes de açúcares além do malte de cevada… São muito conhecidos pelo cuisine a la biere, a cerveja fazendo parte da elaboração de pratos, pelas cervejas rústicas e também pelas cervejas trapistas (você pode ler sobre esse assunto AQUI. Quer uma harmonização de sucesso? Comece apostando nas cervejas dessa escola.

Em 2016 a cultura cervejeira belga foi nomeada como patrimônio intangível da humanidade pela Unesco, não é atoa que o país é o destino preferido da maioria dos apaixonados por cerveja. São vizinhos da França e o mundo do vinho entrelaçou-se com o da cerveja, um clássico exemplo é o método champenoise utilizado na fabricação de champagne e também na cerveja icônica cerveja DeuS.

Nessa escola o grande charme fica por conta da levedura e os subprodutos de fermentação que produzem durante a fermentação: ésteres, fenóis e álcoois superiores para ninguém botar defeito. São explosões de frutas vermelhas, amarelas, noz moscada, pimentas, canela… Em alguns estilos é impossível passar bons minutos analisando cada detalhe.

Outro ponto característico é a tradição dos copos belgas, para cada estilo de cerveja há um copo específico que irá potencializar ainda mais os aromas e sabores de cada rótulo. Se você for a um bar belga, muito provavelmente vão te servir no copo ideal da marca da cerveja que você escolher.

Cerca de 70% do que é produzido no país é exportado e as marcas que encontramos com maior facilidade são Duvel, Delirium e De Halve Maan. É a escola cervejeira que mais admiramos e alguns dos principais estilos são: Witbier, Belgian Blonde Ale, Dubbel, Tripel, Golden Strong Ale e Dark Strong Ale. Mas não nos esqueceremos da rusticidade das Lambics, da complexidade da Saison, do acético da Flanders Red Ale e tantos outros estilos incríveis.

São muitos nomes diferentes, não é mesmo? Aos poucos vamos explicando cada um deles. No próximo texto falaremos sobre a escola inglesa e americana. Até lá!

Saúde!

Papo Fermentado

Blog do casal Fernanda Brito e Bruno Martinelli, sommeliers de cerveja pelo Instituto da Cerveja Brasil. Amamos contar nossas experiências gastronômicas, a história que envolve a linha do tempo da cerveja e dicas para quem quer se aventurar nesse universo. Fale com a gente pelo ola@papofermentado.com.br ou WhatsApp (16) 99339-1221. Nas redes sociais, somos o @papofermentado.