Papo Fermentado
Escolas Cervejeiras: Britânica e Americana
Escolas Cervejeiras também são uma forma de dividi-las de modo que, ao citarmos algum estilo, já saibamos quais características encontrar
Por Papo Fermentado
27 de maio de 2021, às 09h40
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/escolas-cervejeiras-britanica-e-americana/
Em nosso último texto contamos um pouquinho sobre as escolas germânica e franco-belga (para conferir essa leitura é só clicar AQUI. Hoje vamos falar sobre as outras duas escolas: britânica e americana.
A escola britânica é formada pela Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. É impossível falar de escola britânica sem referir-se à cultura dos pubs, as pessoas saem do trabalho e vão para o pub, trabalham nesses lugares, reúnem-se para falar sobre futebol, política, para divertirem-se e por qualquer outro motivo. São, aproximadamente, 50 mil pubs na Inglaterra e esse número só não é maior devido a fiscalização do consumo de bebida alcoólica ao volante.
O caráter do lúpulo predominantemente terroso e herbal é a chave para identificarmos essas cervejas. Além disso, costuma-se dizer que a cerveja inglesa é mais quente e pouco carbonatada, mas isso acontece devido o barril, o cask, chegar até o pub sem inserção de gás carbônico, a cerveja é servida sob pressão. Outro ponto interessante é que em 1970 consolida-se o CAMRA, que significa Campaign for Real Ale e existe ainda hoje, é uma organização que busca a proteção da verdadeira cerveja, a real ale, o direito ao consumo, a proteção dos pubs, são fiéis às tradições.
As marcas mais conhecidas são a Fuller ‘s, na Inglaterra, e a Guinness, em Dublin, na Irlanda. Cerca de 40% da cerveja produzida no Reino Unido é exportada e não podemos deixar de citar a famosa festa de St. Patrick ‘s Day comemorada na Irlanda e em tantos outros lugares do mundo. Os estilos mais conhecidos são English Pale Ale e India Pale Ale, Brown Ale, as variações de Stout e Porter, British Barleywine e a escocesa Wee Heavy.
Já a escola americana é a mais recente de todas e teve grande influência da franco-belga e principalmente da britânica, muitos estilos são semelhantes aos desta última porém mais potentes em álcool e amargor, por exemplo. Tudo começou quando imigrantes europeus chegaram aos Estados Unidos e disseminaram a cultura cervejeira. Tudo caminhava bem, mas no início do século XX aconteceu a Lei Seca, ou seja, a proibição do consumo de bebida alcoólica no país e, consequentemente, surgiram formas clandestinas de fabricação e consumo.
Esse período aconteceu no intervalo entre a primeira e a segunda guerra mundial e o panorama que tínhamos da época era uma população voltada para a guerra, com pouca percepção sensorial, grande escassez de mão de obra e matéria prima para fabricação de cerveja além de fábricas fechadas. Houve então a oportunidade de retomar a produção com uma cerveja mais leve, feita com adjuntos, mais barata de produzir, sem muitas entregas sensoriais e que pudesse agradar os paladares que já estavam desabituados: a American Lager.
Porém, com a união de cervejeiros caseiros e micro cervejarias a produção de cervejas especiais foi sendo retomada e com a globalização, disponibilidade de insumos e avanço do plantio de grãos e lúpulos temos uma reviravolta nessa escola. O empreendedorismo norte americano, implementação de novas tecnologias e ingredientes locais foram fundamentais para que os Estados Unidos sejam, hoje, o segundo maior produtor de cerveja do mundo, ficando atrás da China. Apenas cerca de 14% da cerveja consumida é importada e o terroir no lúpulo americano é muito característico, podendo ser cítrico, frutado, resinoso, herbal…
Os estilos mais difundidos são American India Pale Ale e suas derivações (Imperial IPA e NEIPAS, por exemplo), American Sour Ale e American Imperial Stout. Já algumas das marcas mais conhecidas ficam por conta da Brewdog, Anchor, Sierra Nevada, Goose Island e Brooklyn Brewery.
Chegamos ao fim do nosso resumo sobre as Escolas Cervejeiras. Qual você mais gostou? Qual tema gostaria que trouxéssemos aqui no blog? Fale com a gente pelo instagram do @papofermentado.
Saúde!
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