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Histórias do Coração

Erica e Daniel

Essa história é uma história em três tempos, como passado, presente e futuro. Para alcançá-la é preciso acreditar na soberania do tempo e, sobretudo, na soberania do amor

Por Carla Moro

27 de dezembro de 2020, às 13h27

A história que vou contar é de um amor que se dá em três tempos. A Erica e o Daniel se conheceram no colégio, o primeiro tempo. Vou chamá-lo de tempo do amor ingênuo, mas não por ser tolo, e sim por ser puro. A Erica não gostou do Daniel logo de cara, achava o menino arrogante. Foi só depois de um tempo que eles começaram a conversar, porque o Daniel se sentava na carteira atrás da carteira dela. Esse amor nasceu da amizade.

As chances de uma pessoa acertar na Mega-Sena fazendo uma aposta de seis números é de 1 em 50 milhões. Já a chance de ser atingido por um raio é de uma em um milhão e meio. A probabilidade de o amor da sua vida se sentar atrás da sua carteira no colégio é impossível de ser medida. Nenhum ganhador da Mega-Sena tem tanta sorte quanto a Erica e o Daniel.

O casal Erica e Daniel – Foto: Arquivo Pessoal

O segundo tempo é o tempo do amor persistente. Eu perguntei ao Daniel qual foi o momento em que ele soube que queria ficar com a Erica para o resto da vida. Há sempre um momento em que isso acontece, como uma epifania. Epifania é esse sentimento de súbita compreensão, uma certeza que transcende os fatos. Para todo casal, esse momento existe, ainda que poucas coisas na vida possam ser tão certas. O Daniel me disse que sempre soube. Desde o primeiro momento. A Erica foi a epifania.

A Mega-Sena existe desde 1996 e já premiou cerca de 600 pessoas nesses mais de vinte anos. Sobre os raios, eu posso dizer que cerca de 78 milhões caem no Brasil todos os anos. Quantas pessoas, nesse mesmo período, tiveram a sorte de encontrar o amor da vida?

O segundo tempo é o tempo do amor persistente porque essa certeza foi, primeiro, só do Daniel. A Erica me fala de um amor aos pouquinhos, não idealizado, construído como peças de um quebra-cabeça, que eles montavam juntos aos fins de semana com o pai da Erica. Mas o Daniel persistiu na distância, quando eles foram fazer faculdade em cidades diferentes, e nos encontros no cinema, quando a Erica sempre levava junto uma amiga. O Daniel persistiu nas mensagens de texto em que só era possível usar 160 caracteres. Oito anos possuem 2922 dias, se contarmos os anos bissextos. A Erica e o Daniel não ficaram nenhum dia entre 2922 dias sem se falar. Amor que persiste em 160 caracteres.

O terceiro tempo é o do amor calmo. A Erica me diz que a amizade do Daniel foi a coisa mais importante que já aconteceu com ela, que o amor que eles construíram a partir daí é mar calmo, possível de navegar. E se acontecer de um cair, porque às vezes o tempo vira e o mar se torna revolto, há a certeza, uma segunda epifania, de que o outro está lá para estender a mão.

Esse amor em três tempos é amor de literatura, que deve ser contado para que a fé no amor seja renovada. Essa história só é possível para aqueles que acreditam. A Erica escreveu um livro sobre essa história que acabava em reticências. Então, para o pedido de casamento, o Daniel escreveu mais um capítulo, uma continuação daqueles três pontos deixados pela Erica. Essa história é uma história em três tempos, como passado, presente e futuro. Para alcançá-la é preciso acreditar na soberania do tempo e, sobretudo, na soberania do amor.

Quer contar sua história? Me mande uma mensagem no e-mail:
colunahistoriasdocoracao@gmail.com

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com