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Histórias do Coração

Emoções e sentimentos

A maioria de vocês não sabe, mas, além de escrever para esta coluna, eu também estudo emoções e sentimentos e trabalho com eles

Por Carla Moro

06 de fevereiro de 2022, às 10h56 • Última atualização em 06 de fevereiro de 2022, às 12h12

A maioria de vocês não sabe, mas, além de escrever para esta coluna, eu também estudo emoções e sentimentos e trabalho com eles. Sou editora de materiais didáticos para o ensino socioemocional. Acredito não só na educação como poder transformador da sociedade, mas também na educação socioemocional como caminho para formar indivíduos integrais, conscientes de si mesmos e do lugar que ocupam no mundo. Mas o que isso tem a ver com a coluna de hoje?

Para explicar, quero falar primeiro sobre porcos-espinhos e camaleões. Tatus e gambás também serão bons exemplos. A partir deles, chegarei ao amor, sentimento que tenho abordado por aqui. O que esses animais têm em comum? Bem, todos eles apresentam mecanismos de defesa quando se sentem com medo ou ameaçados por predadores. O porco-espinho usa seus pelos afiados, já os gambás podem expelir um cheiro ruim. Camaleões mudam de cor e os tatus se enrolam para dificultar um possível ataque.

O medo é uma emoção básica. Percebam, a palavra emoção vem do latim “movere”, o que indica que, para qualquer que seja a emoção, está implícita a ideia de agir de imediato e, muitas vezes, fugir. Os animais, para facilitar essa fuga e garantir a sobrevivência, usam desses mecanismos que acabei de citar. E o ser humano? Também “foge” quando sente determinadas emoções?

O amor, objeto desta coluna, não é uma emoção, é um sentimento. Há diferenças entre emoção e sentimento. Estudiosos apontam seis emoções básicas: alegria, tristeza, raiva, medo, nojo e surpresa. A partir delas – que são impulsos para agir, como falei antes, surgem os sentimentos. Eles refletem como nos sentimos a partir de uma determinada emoção. As emoções são rápidas, duram o tempo do estímulo, já os sentimentos são duradouros, resultados de uma experiência.

Podemos não ter pelos afiados ou nos enrolarmos como um tatu, mas nossos corpos reagem ao que sentimos: o coração dispara, arregalamos os olhos, começamos a suar, entre outras coisas. O amor, segundo Goleman, renomado pesquisador e psicólogo, causa em nós o oposto da fuga. Quando amamos, nosso corpo entra em um estado geral de calma e satisfação, nosso cérebro nos envia uma “resposta de relaxamento”.

Contudo, emoções e sentimentos não acontecem de maneira encadeada em nós mesmos. Podemos sentir diferentes emoções e sentimentos ao mesmo tempo. E o amor, muitas vezes, vem acompanhado do medo. E o medo nos faz querer fugir.

As emoções carregam uma memória: se, por exemplo, os nossos ancestrais entendiam que o medo indicava o momento de fugir de uma situação perigosa, quando o medo aparece junto com o amor, ele indica o quê? Aprender a lidar com emoções e sentimentos também envolve compreender o que faz com que alguns deles apareçam.

Uma sucessão de histórias ruins faz com que o medo de que elas se repitam atrapalhem um novo amor que está começando. Então, leitores, se me permitem um conselho: compreendam e acolham o próprio medo; este pode ser o primeiro passo para permitir que o amor ocupe o espaço que lhe é de direito.

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com