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Eclosão de casos após a pandemia

Por Roberto Alves

26 de junho de 2020, às 08h09

As denúncias de abuso sexual infantil curiosamente vêm caindo em todo o Brasil nesta pandemia. Por quê? Será que as crianças e adolescentes estão se sentindo mais protegidas em casa? Autoridades asseguram que não.

Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos apontam que 78% dos crimes de abuso sexual infantil acontecem dentro de casa e que os abusadores são, em sua maioria, parentes das vítimas ou conhecidos da família. A quarentena piorou esse quadro, pois colocou as vítimas ainda mais perto de seus abusadores. Sob vigilância e ameaça constantes, essas crianças e adolescentes não estão conseguindo acionar a polícia ou ligar para o Disque 100. O silêncio das vítimas é o provável motivo para a queda dos números. Os casos deverão eclodir após a pandemia.

Em uma live no meu perfil oficial no Instagram, a ministra Damares Alves revelou que as denúncias de abuso sexual infantil tiveram queda de 19% nesta pandemia. Na verdade, é um dado falso. Ela disse estar preocupada com os efeitos do isolamento social sobre milhares de crianças e adolescentes. Neste momento, o silêncio prevalece, mas os casos deverão eclodir após a pandemia. “Estamos preocupados com o que iremos nos deparar”, disse a ministra.

No Distrito Federal, por exemplo, a Polícia Civil recebeu menos denúncias em relação ao ano anterior. Em outra live, a delegada Ana Cristina Santiago, titular da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente, foi perspicaz ao apostar que parte dessa “avalanche” de denúncias chegará por meio dos educadores, profissionais atentos aos sinais físicos e comportamentais e que detém da confiança de muitas crianças e jovens, nos bastidores da sala de aula.

Acionar a polícia ou ligar para o Disque 100 é uma atitude corajosa e definitiva. Devemos refletir que o mais importante é salvar a vida de quem está sob o domínio de um abusador sexual, seja ele quem for.

*Roberto Alves é deputado federal pelo Republicanos

Colaboração

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