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Histórias de Americana

‘E os teares tecidos teciam a Princesa Tecelã…’

Por Jefferson Luis Rodrigues Bocardi

11 de maio de 2020, às 14h33

O ano de 1875 foi marcante para a história de Americana: houve a inauguração da Estação de Santa Bárbara, fato que marcou a fundação da cidade, e a inauguração da fábrica de tecidos Carioba. Diversas vezes, a história de Carioba é tratada à parte da história de Americana, mas as duas vilas que vão se desenvolvendo ao longo do século XX, unidas por um caminho de bambus, entrelaçam-se pelos caminhos da história.

Americana fica conhecida como a “Princesa Tecelã”, na primeira metade do século XX, devido ao parque têxtil que se desenvolveu primeiramente em Vila Carioba e que, a partir da década de 1940, expande-se para Villa Americana, por meio da indústria de facção. Os trabalhadores da indústria têxtil também marcaram a história da cidade e por diversas vezes organizaram greves e manifestações que contribuíram para luta da classe trabalhadora local.

A fábrica de tecidos Carioba, depois de mais de 60 anos de funcionamento, enfrentou um período de paralisações e greves dos operários. Sob a administração dos irmãos Abdalla, a falta de pagamento de salários provocou uma greve de dez meses, entre os anos de 1966 e 1967, fato lembrado pelos moradores da vila como um dos períodos mais difíceis vividos em Carioba. A situação financeira da fábrica piorou e, dez anos depois, ela fechou as portas, em 1976.

As dificuldades do setor têxtil na cidade não pararam na década de 1960. Em maio de 1995, em um protesto contra o governo federal, às margens da Rodovia Anhanguera, trabalhadores e empresários dos setores entraram em confronto com a polícia militar. Um fato marcante deste protesto foi a participação do ex-prefeito da cidade, que foi agredido em meio à confusão.

Depois de 145 anos, o setor têxtil em Americana sobrevive, não mais como nas primeiras décadas do século XX, que contribuíram para a projeção da cidade no cenário nacional, mas em meio a um parque industrial muito mais diversificado. Ao despertar do amanhã, não se escutam aqueles teares, que teciam o tecido. Eles não mais ecoam pelas ruas da “Princesa Tecelã”.

* Jefferson Luis Rodrigues Bocardi é membro do grupo Historiadores Independentes de Carioba, dedicado à pesquisa histórica sobre Americana

Historiadores de Carioba

Blog abastecido pelo grupo Historiadores Independentes de Carioba, que se dedica à pesquisa histórica sobre Americana.