Editorial
Dois cenários
Por Redação
11 de dezembro de 2020, às 07h54
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É impossível compreender em que Brasil vive o presidente Jair Bolsonaro quando o noticiário mostra dois cenários tão completamente diferentes. O primeiro cenário se desenha a partir de uma frase dita pelo presidente durante a inauguração de uma obra no Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira. Na solenidade, o chefe da nação afirmou que o País vive o “finalzinho da pandemia”, como se estivéssemos diante de algo promissor e positivo.
O segundo cenário vem dos números, as frias estatísticas. Atualmente, 22 das 27 unidades da federação vivem uma alta no número de mortes pelo coronavírus. Da mesma forma, a ocupação de leitos destinados a pacientes com a doença já é uma preocupação em diversas capitais brasileiras.
Em São Paulo, o contágio pela Covid-19 é maior em dezembro do que durante o primeiro pico. Segundo o coordenador do centro de contingência da doença no Estado, José Medina, a média de novos casos cresceu de 20 mil para 40 mil entre novembro e dezembro no Brasil. Esse aumento levou tempo maior para acontecer antes.
Junto do agravamento da pandemia tem-se ainda o temor pelo que há de vir com o período de festas de final de ano. Sendo o distanciamento social e as medidas de higiene as principais formas de combater a doença, pode-se esperar um crescimento expressivo de infecções após as datas cuja marca é justamente a reunião de pessoas, de famílias.
Mas como se nada disso fosse o bastante para fazer com que o presidente descesse ao mundo real, o Brasil enfrenta ainda uma politização da estratégia de vacinação, influenciada pela total incompetência do governo federal em assumir as rédeas. Com um ministro trôpego, submisso à ideologia bolsonarista, faltam planejamento e ambição para conduzir o País rumo ao “finalzinho da pandemia”, algo que, diferente do que pensa o presidente, não estamos tão perto assim.
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