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Dia das Mães com órfãos e ausentes

Por Amauri de Souza

09 de maio de 2021, às 08h15 • Última atualização em 09 de maio de 2021, às 08h16

Hoje era para ser um dia alegre, inesquecível e contagiante, mas a realidade me impõe goela abaixo seu cálice amargo cuja essência me faz revirar o estômago. Deixa o meu coração contrito, perturba a minha mente. Por que as mães vão-se embora?

Carlos Drummond de Andrade questionou isso em um de seus poemas: “Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga…”. Para depois concluir com sua genialidade peculiar: “Fosse eu Rei do Mundo baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho”.

Assim também gostaria, a exemplo do nosso poeta maior, de poder decretar a lei soberana da união perpétua entre mães e filhos. Mas, infelizmente, a natureza da vida e os dilemas do mundo só permitem esse feito no território da poesia, onde, aliás, tudo é permitido, todo sonho é possível e toda loucura sagrada.

Neste segundo domingo de maio eu gostaria de escrever algo que provocasse lisonja e até mesmo sorrisos, mas poderia soar ofensivo, considerando a morte de tantas mães pela pandemia em curso. E não apenas delas, mas a de incontáveis filhos, que ao partirem deixaram as mães destroçadas. Órfãos e ausentes, duas faces de uma mesma tragédia. Portanto, quero apenas expressar nestas linhas o meu desejo de esperança aos que perderam sua progenitora e força às mães que viram partir os seus filhos.

Eu ainda dou bom dia à minha mãezinha, porém não me vejo no direito de comemorar essa primazia, enquanto tantos sofrem com as suas dolorosas perdas. Obrigado, dona Neusa, por ainda existir e fazer parte da minha vida! No mais, hoje só vejo desolação e luto, e nada a comemorar.

Amauri de Souza
Jornalista

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