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Cotidiano & Existência

Desafios

Leia o artigo desta semana da professora Gisela Breno

Por Gisela Breno

05 de janeiro de 2021, às 08h23 • Última atualização em 05 de janeiro de 2021, às 08h24

Deixar-se arder pela chama do amor não correspondido.

Ser ilhas de compaixão em meio a oceanos de desamor.

Espalhar sementes sabendo que não se viverá para repousar na sombra da árvore frondosa.

Lançar os fios de sua história em direção ao emaranhado de fios da existência das demais pessoas para se reconhecer como parte da Teia da Vida.

Esgotar o presente sem lamentar pelo passado, tampouco temer pelo futuro.

Inebriar-se pelo doce rosto do filho que dorme, independente da sua idade pois é sempre do mesmo berço que o contemplamos.

Navegar em águas turbulentas de incertezas, esperando, com sábia resignação, pela chegada da bonança.

Erguer o corpo alquebrado, retomar a caminhada quando sobram razões para abandonar a jornada.

Aspirar, no lado vazio da cama, o perfume do amor que nos fez dançar com as estrelas.

Colher flores na primavera por mais rigoroso que esteja o inverno da alma.

Ter piedade dos sofrimentos alheios, pouco diferentes dos que carregamos silenciosa e dolorosamente no peito.

Andar pelos desertos da existência oferecendo sorrisos aos companheiros da travessia, entendendo que seus pés também sangram.

Reverenciar cada sulco esculpido em nosso rosto, marcas indeléveis da condição humana.

E sobretudo, golpeado pela morte, acreditar na vida eterna, senão a nossa passagem pelo Universo não tem sentido.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.