15 de abril de 2024 Atualizado 23:49

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Artigos de leitores

Decreto da exclusão?

Por Awdrey Kokol

16 de dezembro de 2020, às 08h31

Se você estava na escola na década de 80 ou início dos anos 90, você conhece bem esse cenário: as pessoas com deficiência não estavam nas escolas, poucos frequentavam os espaços públicos.

De lá para cá, diversos de movimentos e organizações da sociedade civil conquistaram e efetivaram direitos previstos nacionalmente e internacionalmente referente aos direitos das pessoas com deficiência.

Segundo o Censo Escolar de 2019, o Brasil têm 1,2 milhão de alunos na Educação Básica com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades, isso representa uma taxa de 87% de inclusão.

De fato o plano de inclusão ainda carece de muitas ferramentas e desenvolvimento, ainda não é possível se falar  em acessibilidade plena para a grande maioria de alunos, mas a introdução do braile e da língua de sinais são alguns dos avanços a serem citados graças a política nacional de inclusão.

No dia 30 de setembro deste ano a Presidência da República publicou o Decreto n. 10502/2020 que trata sobre a Política Nacional de Educação Especial, ocorre que o texto dessa norma foi aprovado sem um amplo debate popular, traz o modelo de escola daquelas décadas atrás e já está sub judice no STF.

Pela nova política, as salas especiais que são previstas para a educação inclusiva como forma de adaptação e reforço serão, serão a regra para segregar as duas formas de ensino.

As pesquisas mostram que a educação inclusiva promove não apenas melhor qualidade de vida e independência entre os deficientes, mas também desenvolve entre os demais alunos empatia e propensão aceitar a diversidade como reduz o preconceito entre pares.

A suposta autonomia e liberdade que o Ministro da Educação chamou de “direito de escolha” das famílias de pessoas com deficiência, não passa de uma ilusão, uma possível forma de alterar a lógica de financiamento do sistema a favor de interesses que ainda encontram-se obscuros nessa campanha de retrocesso.

Awdrey Kokol é mãe e advogada

Colaboração

Artigos de opinião enviados pelos leitores do LIBERAL. Para colaborar, envie os textos para o e-mail opiniao@liberal.com.br.