No dia 7 de junho meu único irmão partiu. Não vou usar este espaço para falar das qualidades que ele tinha, que eram muitas, e que o faziam muito estimado por todos. Também não vou me alongar falando da dor da perda de um ente querido porque, como mortais, todos sofremos com a dolorosa separação.

Na verdade só estou escrevendo porque quero semear esperança para todos os doentes que sofrem de insuficiência renal crônica e que aguardam um transplante. Seja de doador vivo (muitos familiares se dispõem a ajudar doando ou permitindo a doação de um parente que vier a falecer), peçam a bênção de Deus e confiem na perícia dos médicos, que tudo vai dar certo.

Meu irmão viveu, e muito bem, trabalhou muito, se casou, teve uma filha, viajou, enfim, fez tudo aquilo que uma pessoa saudável faz. Isso depois de receber um rim com o qual viveu mais 38 anos, três meses e 15 dias. A causa de sua morte foi um AVC, já que o rim funcionou até o fim.

Sabemos que a fila de espera para receber qualquer órgão é muito extensa, gerando angústia aos que esperam. Seria maravilhoso que muitos se declarassem doadores.

Um jornalista americano escreveu um artigo intitulado “My will”. Ele declara que é doador de tudo o que puder ser aproveitado: rins, para libertar aqueles que vivem presos à máquina de diálise, córneas para quem nunca enxergou o sorriso de uma criança, enfim, tudo que se fizer necessário para ajudar pessoas. Que sejam doados quaisquer órgãos, ossos, nervos, músculos, tendões, e acrescenta: o que sobrar, queimem e espalhem as cinzas para que possam fazer flores nascerem.

Gostaria que minhas palavras fossem sementes de esperança aos que aguardam pela oportunidade de ter uma vida longa e saudável. Esperem com paciência e fé, Deus proverá o que precisarem.

Maria Sheila Rubo Azenha
Professora