Cotidiano & Existência
Girassóis
Iluminada pelo Astro Rei, tal qual um girassol, abro as portas para a esperança entrar; leia o texto da Gisela Breno
Por Gisela Breno
29 de junho de 2021, às 11h02 • Última atualização em 29 de junho de 2021, às 11h03
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/cotidiano-existencia-girassois/
Tem dias que abrir os olhos para um novo amanhecer se torna um ato de resistência, de coragem para um corpo cansado dos rumos da existência. Tem dias que a luz e o calor do sol são insuficientes para dissolver os medos, as incertezas, as inseguranças do tempo que se esvai pelos dedos de nossas mãos marcadas pela lida do dia a dia.
Tem dias que feito Clície, uma ninfa apaixonada por Hélio, o deus do Sol que a trocou por Leucoteia, enfraqueço. Sentada no chão frio da existência, alimento-me apenas de lágrimas.
Mas tem dias que, igualmente como Clície direciono meu olhar para o sol e, com o tempo passando, meus pés ganham raízes, meu rosto se transforma em uma flor, que começa a segui-lo. Como narra a Mitologia grega, me torno então uma flor de girassol.
Iluminada pelo Astro Rei, abro as portas para a esperança (do verbo esperançar que é movimento e ação) entrar. Amorosamente e sem presa, ela adentra meu ser e preenchendo os vazios existenciais, colore os momentos escuros e sombrios do viver.
Giro, giro, danço terna e suavemente com meus pensamentos, desejos, buscas, perdas, crenças.
E quando percebo que os dias estão prestes a se tornarem nublados, me direciono para as pessoas que são luz para nossas vidas e juntos damos continuidade às plantas que, formando um vasto e maravilhoso campo amarelo, nutrem o porvir.
Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.