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Editorial

Correndo riscos

Por Da Redação

01 de maio de 2020, às 08h27 • Última atualização em 04 de maio de 2020, às 08h28

Reportagem do LIBERAL desta sexta-feira mostra, de novo, que naufraga lentamente uma das medidas mais importantes na luta contra o novo coronavírus (Covid-19). O isolamento social, recomendado pelas autoridades de saúde em todo o mundo, tem cada vez menos adeptos. Enquanto os percentuais caem ponto a ponto, dia a dia, o número de casos confirmados cresce.

Há dois graves aspectos menosprezados nas estatísticas desta crise que parecem contribuir para a queda. Um deles é a “aparente tranquilidade” sentida por algumas cidades, como aqui em Americana e municípios vizinhos que compõem a região. O “baixo” número de mortes e casos confirmados passa a impressão de que esta não é uma epidemia grave.

De fato, em epidemias de dengue recentes, por exemplo, Americana chegou a quase 10 mil casos em um semestre. A situação não é parâmetro, porém, quando se considera que o novo coronavírus é uma ameaça nova, desconhecida, da qual se sabe, ao menos, que pode exigir e muito das estruturas de saúde de alta complexidade e da qual já se tem notícia de que sua transmissibilidade, se não controlada com medidas como isolamento, pode elevar os diagnósticos às centenas e milhares em curto espaço de tempo.

Em outro aspecto, a população parece ignorar que os números atuais dificilmente refletem a realidade das contaminações. Para além dos pacientes assintomáticos, que podem transmitir sem sequer saberem que estão com a doença, há ainda no País uma subnotificação gravíssima por conta das limitações de testagem.

Por mais problemáticas que sejam, as estatísticas de alguns pontos muito próximos da nossa região no País, como a cidade de São Paulo, já mostram que a doença começa a atingir um estágio crítico, com o aumento acelerado de casos e a redução da capacidade do sistema de saúde de atendê-los. Tamanho é o problema que o governo paulista já começa a planejar a transferência de pacientes para o interior do Estado.

Difícil acreditar que a flexibilização das restrições possa contribuir, de alguma forma, ou sequer atrapalhar, para o arrefecimento da situação, ainda mais sem a real dimensão dos dados sobre a doença. Difícil acreditar que muitos continuam pagando para ver os riscos que a ciência nos alerta.

O Liberal

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