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Cotidiano & Existência

Escolhas

Leia o artigo desta semana da professora Gisela Breno

Por Gisela Breno

29 de setembro de 2020, às 09h40

Denomina-se plâncton o conjunto de seres vivos que vivem ao sabor das ondas.

Dotados de consciência, mais complexos e nem por isso plenos e tampouco fundamentais pra tantas espécies, muitas vezes inertes nos tornamos, deixando que a correnteza externa assuma o rumo da nossa existência.

Mesmo tendo como cenário o esplendor de um pôr do sol, como melodia o ruído das águas deslizando nas pedras, como coreografia as brincadeiras inocentes das crianças, como colo um grande amor, nesses momentos de abandono entregamos nosso corpo, nossa mente ao desalento convencidos de que, grãos de areia no Universo, nada somos, nada podemos fazer.

Quão doloroso quando este lado sombrio da mente é o predominante. Invejáveis são os outros animais que não possuindo consciência refinada cumprem seus papéis sem questionamentos, dúvidas, sem traumas do passado, nem monstros do futuro.

Ingrata razão quando nos direciona para as trevas e nos torna impotentes, presas dóceis da apatia responsável pelo fardo de uma opaca existência, incrédulos no amanhã e o que é pior, desacreditados de nós mesmos, cegos a ponto de não enxergarmos que, ao contrário do que diz Sartre, o inferno somos nós e não os outros.

Ardilosa razão, seduzida pelo mundo exterior, distorce nossa verdadeira personalidade, sufoca nossos autênticos anseios, domestica nossas vontades, acrescentando mais um(a) ao vasto contingente dos frustrados, mal resolvidos, angustiados.

Mas porque ao contrário do plâncton temos movimentos próprios, num lampejo de consciência e escolha nadamos contra a corrente da imobilismo, vislumbrando que na vida há o bem e o mal, o construir e o destruir, a luz e a escuridão, o nascer e o morrer, as conquistas e os fracassos, a saúde e a doença, o riso e o pranto, o puro e o maculado.

E que depois do rigoroso inverno da existência, despontam as sementes do desejo de lutarmos para sermos nós mesmos, regadas diariamente por gotas de esperança, fé, compreendendo que ,na verdade, somos resultados de nossas escolhas.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.