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Editorial

A retórica do ódio

Felipe Corá passou dos limites da liberdade de expressão; deveria se ater aos problemas de sua cidade, e não ficar destilando ódio pelas redes sociais

Por Redação

08 de agosto de 2021, às 08h09

O ataque do vereador Felipe Corá (Podemos), de Santa Bárbara d’Oeste, à vereador Professora Juliana (PT), de Americana, é mais um exemplo de um modelo lamentável de se fazer política, aquele baseado no discurso de ódio e na propagação de mentiras ou meias verdades, principalmente nas redes sociais, onde muitos falam para a própria claque.

No dia 27 de julho, o vereador barbarense quis rebater uma crítica da vereadora de Americana sobre as posições do presidente Jair Bolsonaro quanto ao tratamento da pandemia da Covid-19. A idolatria ao capitão, que o elegeu para o primeiro mandato na câmara local, fez com que Corá fosse às redes defendê-lo a todo custo. Mandou que a parlamentar lavasse a boca com ácido sulfúrico e a chamou de defensora de bandido, numa clara alusão ao fato de pertencer ao PT, partido do ex-presidente Lula.

O ataque, obviamente, se deu no ambiente preferido destes que são adeptos da retórica do ódio: as redes sociais. Nos comentários do vídeo, que acabou removido após decisão judicial, se via exatamente o “sucesso” do conteúdo, propagado, claro, aos já seguidores que compactuam com o vereador.

Ainda que o direito de criticar seja inerente à função, Corá passa dos limites da liberdade de expressão quando parte para um ataque ideológico, banal, ofensivo, alheio até mesmo ao mandato, que talvez não fizesse se a vereadora fosse de um partido que não fosse antagonista às pretensões eleitorais. Ou se talvez não fosse mulher. Deveria o vereador cuidar dos problemas de sua cidade e protagonizar o debate público com qualidade. Se continuar com a pecha que o elegeu, de bolsonarista roxo, estará brevemente fadado ao devido ostracismo.

Ressalte-se ainda a pacatez da Câmara de Americana, cuja maioria dos vereadores se mostrou indiferente ao episódio para a opinião pública. Tal retórica do ódio deve ser combatida, mas não é com o silêncio que será calada.

O Liberal

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