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Pelas Páginas da Literatura

‘A mulher na janela’ e protagonistas não confiáveis

Filme estreia nesta sexta-feira na Netflix; conheça livro que inspirou o longa e outros suspenses com mulheres não confiáveis

Por Marina Zanaki

14 de maio de 2021, às 11h39

Estreia nesta sexta-feira (14) no serviço de streaming Netflix o suspense “A mulher na janela”. O filme é baseado em um livro da escritora A. J. Finn e conta a história de Anna Fox, uma mulher que sofre de agorafobia, um transtorno de ansiedade ligado a lugares desconhecidos.

Ela também toma remédios que podem causar alucinações e é alcoólatra. Anna passa seus dias observando pela janela a rotina dos vizinhos. Com esse hábito, testemunha um assassinato ser cometido. Contudo, Anna é desacreditada a tal ponto que o próprio leitor fica em dúvida sobre o que realmente ela viu.

Essa premissa é semelhante a outros suspenses com protagonistas femininas que chegaram às livrarias nos últimos anos. Em maior ou menor grau, todos estão falando de uma tática de manipulação que ficou conhecida pelo termo “gaslighting”.

Livro tem a assinatura da escritora A. J. Finn – Foto: Divulgação

Basicamente, consiste em desacreditar as afirmações de uma mulher, muitas vezes chamando-a de louca. O gaslighting é uma tática muito usada em relações abusivas, quando uma mulher passa por manipulações psicológicos tão profundas que seu senso de realidade é abalado.

O livro “A garota no trem”, de Paula Hawkins, aborda o gaslighting de forma bastante assertiva. A personagem Rachel Watson está lidando com seu recente divórcio e diariamente anda de trem para tentar preencher suas horas. Pela janela do veículo, vê todos os dias a vida perfeita de um casal. A mágica é quebrada quando vê uma cena chocante e na sequência descobre que a jovem que parecia tão feliz está desaparecida.

O livro vai fundo no quanto mulheres podem ser vítimas de manipulação psicológica por parte dos companheiros. A história ganhou uma adaptação para os cinemas, mas acredito que um dos grandes trunfos do livro está na alternância do foco narrativo. Sob a perspectiva de mulheres que permeiam a vida de Rachel, o livro consegue mostrar várias facetas dessas manipulações.

Outro livro recente que traz uma protagonista não confiável que presencia o que pode ser um crime é “A mulher na cabine 10”, de Ruth Ware. A jornalista Laura Blacklock está cobrindo a viagem inaugural de um cruzeiro quando escuta, na cabine ao lado, o que acredita ser um assassinato. Ela aciona a segurança do navio, mas descobre que a acomodação não tem nenhum passageiro registrado.

O testemunho de Laura é colocado à prova quando o segurança descobre que ela passou recentemente por um assalto à sua residência e toma remédios para ansiedade. Apesar de demorar um pouco para engatar, o livro tem ares de suspense de Agatha Christie.

Estreia

Com referências ao clássico “Janela Indiscreta” (1954), o filme “A mulher na janela” tem como protagonista a incrível Amy Adams no papel de Anna Fox.

O livro é cheio de reviravoltas, e o final me surpreendeu. Fiquei tão envolvida que devorei as páginas em poucos dias. Na torcida para que a adaptação que chega à Netflix seja tão interessante quanto o livro!

Marina Zanaki

Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.