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Cotidiano & Existência

A morte nossa de cada dia

Leia o artigo desta semana da professora Gisela Breno

Por Gisela Breno

25 de agosto de 2020, às 10h05

Por mais estranho que possa soar aos nossos ouvidos, bombardeados diariamente por fatos e acontecimentos que colocam em dúvida nossa humanidade, é certo que homens e mulheres guardam dentro de si um amor infinito pelos seus semelhantes, um deslumbramento pela natureza, um encantamento pelos mistérios da vida e também um inexplicável vazio que nos impulsiona para um busca incessante da completude.

Quão maravilhosos os mundos, os devaneios, os castelos de possibilidades construídos pelos nossos pensamentos e que permanecem tantas vezes enterrados dentro de nós.

Quantos êxtases diante da beleza de um por do sol, de um ipê florido, de uma música arrebatadora que faz vibrar nossa alma, jamais relatados por medo de parecermos piegas!

Para quê esconder as lágrimas que brotam do olhar para o rosto terno das crianças ou das marcas de vida impressas nas faces dos mais velhos?

Por que não dar nome, adjetivos para a dor provocada pela partida da pessoa amada, que sempre leva consigo a melhor parte de nós?

Ah! Quantos mistérios, segredos, riquezas, experiências, desencantos, fracassos fazendo parte das nossas histórias de vida que se compartilhados, relatados, divididos fossem, amenizariam não apenas a nossa, mas tornaria mais compreensível, mais leve a caminhada dos que igualmente sangram os pés ao longo da existência.

Existe um oceano de águas carregadas de sensibilidade borbulhando em nós; somos potencialidades infinitas pois trazemos em nosso DNA informações Divinas.

No entanto continuamos rotineiramente matando o infinito, o transcendente, o belo ,impressos em nosso ser.

Somos os únicos seres vivos capazes de explorar o Universo, mas paradoxalmente ainda somos primitivos na conquista , na exploração e na apropriação do território mais íntimo e precioso que nos foi oferecido.

Não adianta se utilizar das atrocidades , das violências , do materialismo , do egocentrismo, das intolerâncias como justificativas para o sepultamento das belezas semeadas desde sempre em cada um de nós.

É preciso abrir os sepulcros para ressuscitar as grandes verdades, os anseios mais puros , os sonhos de belezas que moram em nós.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.