18 de abril de 2024 Atualizado 22:58

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Pelas Páginas da Literatura

A lição mais importante que a literatura ensina

Os livros carregam uma aura de intelectualidade e inteligência, mas já parou para pensar qual a lição mais importante que eles podem ensinar?

Por Marina Zanaki

03 de maio de 2022, às 16h51 • Última atualização em 03 de maio de 2022, às 16h52

A leitura carrega uma aura de intelectualidade e inteligência. Com frequência, os livros são associados ao conhecimento e à sabedoria. Mas se é verdade que muitas pessoas leem buscando o aperfeiçoamento pessoal ou o desenvolvimento de novas habilidades, qual a lição mais valiosa que os livros podem nos ensinar?

Recentemente, entrevistei uma professora que disse que os livros são os guardiões dos mais valiosos conhecimentos humanos. Para essa mesma reportagem, conversei com um leitor que me confidenciou que uma das coisas mais importantes que aprendeu com os livros foi a não ter vaidade. Achei a colocação admirável, ainda mais vindo de alguém que claramente é muito inteligente e com uma vida intelectual intensa.

A partir daí, me questionei qual era a lição mais importante que a literatura tem me ensinado ao longo desses anos de leitora. E a resposta que encontrei foi a empatia.

Os livros de ficção permitem acompanhar de perto os personagens, lendo seus pensamentos, conflitos morais, emoções, e ver como tudo isso se traduz em atitudes. Muitas vezes, vemos um personagem sofrer páginas a fio e adotar uma postura rebelde contra o mundo. Em outras, vemos sua alegria e empolgação se traduzirem em algum ato impensado. Através da literatura, sinto que mergulhamos nos personagens – e isso tem reflexos na forma como nos relacionamos na vida real.

E não sou só eu que acredito nisso. O psicólogo e romancista anglo-canadense Keith Oatley defende essa mesma tese em um estudo sobre os benefícios da leitura para a imaginação. Em publicação na revista Trends in Cognitive Sciences, ele argumenta que a ficção simula um mundo social que provoca compreensão e empatia no leitor.

A pesquisa de Oatley, que é professor emérito de psicologia aplicada ao desenvolvimento humano na Universidade de Toronto, traz alguns testes com voluntários que relacionam literatura e empatia.

Em um deles, por exemplo, os participantes tinham que olhar para fotografias de pessoas e adivinhar o que elas estavam sentindo ou pensando a partir das expressões faciais. A pesquisa concluiu que os leitores de ficção disseram termos mais exatos do que aqueles que liam apenas livros de não ficção. Para o professor, foi possível concluir que eles tinham uma compreensão maior dos sentimentos, pensamentos e emoções. Saiba mais sobre esse estudo aqui.

A empatia é definida como a capacidade de compreender emocionalmente outra pessoa. Não é algo simples, e nem sempre agradável. Se permitir sentir as dores do outro é dolorido – terrível, até.

Mas talvez a empatia seja um fator fundamental para evoluirmos como sociedade. Olhar para o outro e enxergar todas as vulnerabilidades, belezas e defeitos é transformador. Talvez ela seja o caminho para encararmos cada pessoa em sua humanidade, sem ceder aos preconceitos de raça, cor, orientação religiosa, gênero, classe social ou credo. A empatia nos torna mais humanos.

Marina Zanaki

Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.