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A história sobre a revolta da vacina

Por Carlos Roberto Bertollo

30 de abril de 2021, às 07h45

No ano de 1804, o marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta, o marquês de Barbacena, trouxe as primeiras vacinas de varíola para o Brasil. Fabricada a partir do líquido de pústulas de vacas doentes, de imediato esta vacina trouxe enorme rejeição da população. Corria boatos de quem se vacinava ficava com feições bovinas. Em 1904, o Hospital São Sebastião, no Rio de Janeiro, contabilizou 1.800 pessoas internadas devido à epidemia de varíola. Preocupado com este surto e a rejeição da população pela vacina, neste ano Oswaldo Cruz convenceu o presidente Rodrigues Alves a enviar para o Congresso um projeto de lei para reinstaurar a obrigatoriedade de vacinação em todo o País.

Lei aprovada, o povo não aceitou ver a sua casa invadida e ter que tomar a vacina contra a sua vontade. Isso gerou um tumulto generalizado nas ruas da Capital da República. Tiros, gritos, vaias, barricadas para interrupção de trânsito, bondes assaltados e queimados, lampiões quebrados a pedradas, edifícios públicos e particulares deteriorados e até rebelião militar.

A confusão em torno da vacina serviu também de pretexto para ação de forças políticas que queriam depor o presidente Rodrigues Alves. Após um saldo de 945 prisões, 461 deportados, 110 feridos e 30 mortos em menos de duas semanas de conflitos, o presidente desistiu da vacinação obrigatória e todos saíram perdendo para a varíola.

Em 1908, o Rio de Janeiro foi atingido pela mais violenta epidemia de varíola de sua história e o povo correu para ser vacinado. No século 20, 300 milhões de pessoas vieram a falecer, vítimas desta moléstia. Em 8 de maio de 1980, a 33ª Assembleia Mundial da Saúde declarou que “O mundo e todos os seus povos estão livres da varíola”.

Carlos Roberto Bertollo é estudioso da lenda de Ícaro e criador de réplicas de aeronaves

Colaboração

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